Conheço o teu futuro melhor do que conheço o meu. Conheço-te e conhecer-te é, por definição, conhecer-te o futuro. Desconheço as dúvidas debaixo dos teus passos, inquietações em que tropeçam, mas sei-lhes as certezas, chão que procuram. Não é novidade. Está escrito nos astros, casa de sagitário quando a lua se cruza com o meio do céu em júpiter. Vejo-te os trabalhos, as rotinas, aquilo de que foges e aquilo de que não prescindes. Vejo-te os garotos e os ralhares com peso e medida, os lanches que lhes mandas para o caminho mesmo que a viagem seja breve e os beijos nas bochechas, coisas que o coração sabe e só o sentido de vergonha impede agora de descrever aqui.
O futuro chegará a horas. Como os extremos convergem sempre para a média, o marginal a aproximar-se infinitissamente do normal, assim há também um tempo certo para onde convergem todos os incidentes. Porque nenhum desejo é suficientemente grande para ditar a realidade, nenhuma clandestinidade subvertida o bastante para chegar a ser modelo. Tudo isto sabemos, vemos e aceitamos e, por isso, quando o futuro chegar, encontrar-nos-á prontas.
Há entre nós um entendimento silencioso que subjaz a todos os planos, preâmbulo do melhor que ainda está por vir. Quando nos abraçamos com força, é nesse futuro que pensamos. Nada lhe ficaremos a dever, nada nos deverá. Por cortesia, peço-lhe só mais cinco minutos. Por amor, dou-lhe a vida toda.
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