Haverá de estar algures por aqui, talvez até nos mesmos termos padronizados, porque tudo é tentativa e repetição mas é importante assentá-lo de novo porque a memória é breve mas a vida não. Não escrever também é preservar. Não perguntar também é proteger. Uma ilusão pode ser um sustento e, um engano, mesmo intencional, pode ser o mais próximo duma salvação, paliativo que não cura mas alenta, sorriso que se adianta até no estado mais moribundo.
A fé que mais admiro é dum apuro silencioso e banal, solitária mas persistente, a que serve a um tipo de pessoas que nunca se acabam. Hoje é essa fé que me mantém. O sentir não é livre do pensar, contudo. Cada um sabe a força com que lhe rebenta o mar, é verdade. Há dores que ainda estão a monte. São narrativas que me atravessam, planos e gestos que ecoam saudade e indignação, a distância insuportável entre um bom dia e uma boa noite, escolhas irreconciliáveis, o tempo que passa e o tempo que não passa.
Chega um momento em que qualquer palavra se torna absurda. Só fica o silêncio de repetir o teu nome noite adentro. E esta fé que me convence de que talvez, somente talvez, o silêncio seja suficiente.
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