The way you tell your story matters.

Nem a sua missão realizam já que os actos dizem sempre mais do que as palavras. Nem para isso servem. Ainda assim, é o que nos resta por esta hora, esgotados todos os gestos, deixados à sorte para a inaptidão de nos fazermos gente e crescermos sem nos matarmos todos. No final, não somos mais do que uma narrativa. Actos e palavras, sentires de modos variados que vão do mais simples ao mais complexo, o que se enfatiza, o que se esquece, o que se omite. Feitas as contas, um par de linhas e um coração que bate. O que importa é a narrativa, história que contas aos outros, história que contas a ti. Não é a prova ou a justiça que solta inocentes e prende criminosos, mas a narrativa. O que dizes de ti, molda-te. De que ponto te olhas, eleva-te ou subjuga-te. É o que te faz herói ou cobarde, o que te liberta ou aprisiona, o que diz de ti se és coitadinho, sobrevivente ou indiferente. Não é a realidade que te aconteceu, é a realidade como a contas. Se é isso a verdade ou não, é um pormenor irrelevante que só poderá interessar a quem se acostumou demasiado às manias do mundo. É a narrativa que te reescreve. A forma como contas a tua história importa.

Tu, naturalmente. Âncora fixa que não sei desancorar. Deve ter-me ficado agarrada à pele num dia qualquer em que a tua mão me tocou. O corpo agarra sempre melhor do que as palavras, tínhamos obrigação de saber. Um dia escreveste do medo dos adjectivos que se usam depois de ti e tomei para mim essa frase como uma inevitabilidade e uma sina pronta a cumprir. O amor é um verbo de conjugar, acção que é ou não é, mas são os adjectivos que dão vida e cor ao que há para ser, sentir ao que é de sentir. Tu, adjectivo mais bonito da minha narrativa.

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