Feelings are like water, they always adapt to their surroundings.

Disseste que aquele casal ao nosso lado já não estava apaixonado, o que me apanhou desprevenida. Foi um comentário que me causou alguma estranheza senão mesmo uma espécie de ingenuidade. Não falaste de amor mas, de paixão. Concordei, hesitando, e ainda agora estou a pensar nisso. Estranhei-o, como se falar ainda de paixão num casal adulto fosse algo absurdo, fora de tempo, e como se ouvir-te a ti a falar disso o fosse ainda mais impossível, sendo a paixão essa forma tão concreta de ser e estar, nomeá-la ser ressuscitar o que em nós estava esgotado, olhar de frente no espelho e não temer. Eis que hoje o amor tem muitos nomes, falsos substitutos. Amizade, companheirismo, dessas coisas que as pessoas gerais preferem usar por dar menos trabalho e menos pontadas no peito do que a verdade. Hoje já ninguém morre de amor, só de tédio, quanto mais de paixão. Aí reconheço a minha culpa, minha tão grande culpa. Porventura, a mesma que partilhamos com o tal casal. Contudo, tenho por convicção a importância das entrelinhas, lugar sagrado das paixões.

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