If someone believed me, they would be as in love with you as I am.

Nunca ninguém me falou assim. Nunca conheci ninguém assim. Bem sei desse mito paradoxo de sermos todos únicos, o óbvio de nunca lhe ter conhecido peso e medida equivalente se acaso são as nossas diferenças que nos compõem os verbos de ser e o estar. Porém, ela não é diferente, é singular. Não se parece a ninguém, não parte de nenhum molde, os seus pensamentos são só seus. Tudo nela é concreto e pensante, da mesma matéria da terra e a mesma leveza do céu, o peito que tanto lhe é lugar de firmar famílias e povoações como de abraçar ninhos de aves felizes. Nunca conheci quem escrevesse assim, a puxar-me como puxam as ondas, palavras de faca a cortar o fogo, naturais como a sua sede. Palavras que são mãos abertas, palavras de dar tesão, que são silêncio e grito. Nunca conheci quem pensasse assim, quem cria ideias como quem cria galinhas, desafia pressupostos e teorias e ainda abunda na empatia do outro, a compreensão tão mais necessária do que o julgamento. Nunca conheci quem fosse assim, diamante bruto e raro e cru e puro, ao ponto de até mesmo os defeitos lhe assentarem bem. Há nela um sentido prático que dispensa o acessório do mesmo modo que a certas comunhões dispensam o circo fácil de uma audiência. Vive por princípios e tudo nela é seguro e certo, até a tristeza. Nunca conheci (a) quem amasse assim. Quem fosse tão livre e tão simples no gesto e no afecto, quem estimasse tão bem os sentimentos e os soubesse respeitar tão bem, dignificar-lhes tempo e espaço. Nunca conheci quem olhasse assim, a quem coubesse o mundo todo na imensidão dos olhos, aquele olhar límpido de ver tudo, cheio de magia e de verdade.

Quem te conhecesse, amar-te-ia. Quem me conhecesse, seria tão vaidosa de ti quanto eu. Quando me perguntam, justifico que nunca conheci ninguém assim. Nunca farão ideia.

Sobre ti, como nos poemas, tudo é exagero e tudo é pouco. Desde que te conheci que escrevo para ti e sei cada vez pior escrever sobre ti. Por estas alturas, já me bastaria o abraço, o teu. Porém, se acontecer que te deites a balanços, como costuma acontecer mais tarde ou mais cedo nas efemérides do tempo, que gostes do que vês como eu gosto do que até aqui vi(vi). Sorrio no teu caminho e na mulher que és e que te fazes, cada vez mais bonita, menina-senhora, minha gata, minha bambi, meu amor, minha happybird. Do caraças.

Sou ainda aquela que na serendipidade de um qualquer dia entrou no comboio da tua vida e ali quis construir uma casa. É daqueles sítios que sabe bem estar. Sento-me num canto junto à janela e observo passageiros que entram e saem, uns apressados, descem já na próxima paragem, outros distraídos e que adormecem por ali, outros que se sentam perto e que me olham com a cumplicidade do bom gosto e decisões certas. Por vezes, entusiasma-se. Há tantos caminhos, lembro. Reparo-lhe as inconstâncias, os atrasos, os ocasionais e inevitáveis solavancos da viagem. Não irei ainda a lugar nenhum. Por este comboio fora, quero olhar para ti e quero olhar por ti. Sou feliz por ter subido naquela estação de Oslo. Não sei onde me levas, sei que quero ficar.

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