#FILF

Tento a liberdade de não pertencer a nenhum passado nem a nenhum futuro. Afasto-me da sombra que o tempo criou e avanço de olhos abertos. É preciso clarividência para reconhecer o que é singular. Quero testar a profundidade do peito. Quero conhecer a lonjura do desastre que seria num instante apaixonar-me por ti. Quanto tempo demorarei a desejar-te?

Abro-me à possibilidade. Que nome tomaria esse instante? Se não te conhecesse. Se passasse por ti na rua. Se te ouvisse na mesa do lado. Tu não sabes no que pensava enquanto lias em voz alta ou, mais tarde, quando dedilhaste com elegância o pescoço enquanto pedias a conta. Quanto tempo demora o fogo?

E surpreendo-me na conclusão de todas as horas. Mesmo que eu não tentasse. Mesmo que este blogue não fosse do caraças e as palavras não fossem sítio de dormir como são de dar tesão. Mesmo que eu resistisse. Serias sempre um embate. O meu acidente mais feliz. E nisto não há sobressalto ou sequer convicção. Querer-te é um facto do mais leve e simples e não se deve ter vergonha num facto. Quando te coloquei a mão no joelho já não quis parar ali. O céu não é o limite.

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