Duvido
da sinceridade da maioria dos arrependimentos. Até as crianças se apressam a
pedir desculpa quando percebem que vem recompensa ou castigo a caminho. Não é o
acto que determina o arrependimento, mas a sua consequência. A justiça, por
isso, tarda e é sempre inglória e incompleta. Pois só se pode reconhecer como
justa ou injusta no depois. E, na maioria das vezes, nem é o que mais importa. Até
lá, é o frágil esforço da plausibilidade de uma narrativa, de um contexto histórico-temporal
e, acima de tudo, do imperfeito binómio castigo-reintegração. Fez-se justiça, dizem.
Mas para quem e com base em quê?
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