O esquecimento activo é uma das condições do movimento.

A box pára-me as gravações nos últimos minutos de filme, ridicularizando a minha espera atenta e ansiosa. Nunca saberei se os protagonistas sobreviveram, se se separaram ou se tiveram a coragem de decidir diferente. Ignoro se viveram felizes para sempre ou o quanto de real há na história, que mistérios se decifraram, quem era afinal o assassino. Negam-me o fim. No princípio exasperava-me. Depois apercebi-me que fora da televisão, na minha vida, não é assim tão diferente. Há pessoas cujo percurso acompanhei por um período de tempo, espectadora nuns casos e narradora noutros, mas nunca omnisciente. Deixaram-me, também eles, na ignorância de como seguiu a sua vida e eu deixei de importar-me. Contudo, esta interrupção brusca continua a trazer-me uma sensação estranha porque tenho consciência de que havia mais. Qualquer espécide de saber é arriscado. Já não era a esperança, como tanto me sucede, mas a certeza, e com isso o meu desinteresse que deixa de ser desleixo para ser decisão. Desejo-lhes sorte, apago, sigo para o próximo.

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