Não se pode ir com muita sede ao pote. Nem com pouca. Uma pessoa nunca sabe como abordar o pote. É à sorte.

O “nunca mais” dói mais do que o “nunca”. Quem guarda memória do sabor não o esquece. Quem nunca o provou só o pode supor. Há margem para o sonho e para o engano e para tudo o que o céu quiser trazer amanhã. As possibilidades ganham tamanho, como quando se disserta sobre o euromilhões. Nesses casos, o conhecimento é um fardo difícil. Um pouco como a situação do Afeganistão e o hiato do progresso, perdoe-se a desgraçada metáfora. Já foi e agora nunca mais. Conhecer a liberdade e perdê-la. Conhecer o sabor e sabê-lo agora inalcançável. Cortam-se pela raiz quaisquer possibilidades de retorno. Eram outros tempos e nós éramos outras pessoas. O tamanho da margem é insuportável para quem já a cruzou. No verão nasciam crianças, os corpos eram leves e os risos fáceis,  apareciam súbitos e claros desejos. Onde foi este verão, que não veio e tanto o quero?

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