Há qualquer coisa de humanamente vergonhoso em querer ser testemunha do sofrimento alheio, prestar visita às ruínas do outro. Penso-o naqueles que encostam para ver acidentes, pensei-o em Pompeia, em Auschwitz, mas também no cinema, no filme sobre o desaparecimento do Rui Pedro, ou na prisão do KGB. Sabes, de antemão, a violência da história, conheces o fim, sabes, até, o impacto que vai ter em ti, o choro que não controlas, os próximos cinco minutos de provisória tristeza e, ainda assim, vais. Até pagas. Não podemos esquecer, bem sei, mas porque é que insistimos tanto em lembrar?
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