As noites e as manhãs das minhas sílabas.

Há uma primeira hesitação a que é preciso resistir, não fosse este um desses momentos de agora ou nunca. Ainda arde no peito, é melhor aproveitar. A censura virá depois, como vem sempre. Sou propensa a disparates e a desastres. Sou um disparate a caminhar para desastre. Aquela que não mede o passo. E, porém, quanto medo. O coração amainou, bate por hábito ou cansaço. No limiar da presença, não há já o sobressalto. Tudo se encontra no seu devido lugar. E, porém, bastaria um gesto para desfazer a paz e acordar o desejo. Um segundo de vontade para ressuscitar uma hipótese que não passa. É a esse que espero e temo. Aí reside a minha cobardia, o meu desequilíbrio das horas mais longas. Se eu esticar mais a corda, partirá? Quero tocar-te. Sentir-te, "como o mar deve sentir a onda". O corpo é fronteira e provocação. O toque marca posições. O toque esclarece. Quero tocar-te como se toca um segredo. Entregar-me como quem se entrega a uma oração ou a uma promessa. Fazer em ti poesia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Adoro ♥️