Telefonar sem qualquer motivo é sinal de amor. Quando há motivo, até as Finanças nos ligam.

Sim, pode bem passar-se algo do género, mas isso não é relevante nem lhe interessa. (...) Não. A si apenas deve interessar o que sente e não o que recebe ou não recebe. Sei que tudo o que eu possa dizer não o fará sentir-se melhor, mas aqui não me posso abster do seguinte lugar-comum, expondo-o à ideia gasta, e, contudo, verdadeira, de que o amor não é uma transação comercial, não estamos na mercearia, o outro não nos deve umas moedas de troco ou determinados produtos ou mercadorias. Não faça essa cara, não revire os olhos, entregue-se à pertinência deste chavão. Como o Sol não brilha para si, conforme disse Angelus Silesius, nós também não vivemos para nós, mas para iluminar quem amamos. Somos uma espécie de candeeiros.

 Afonso Cruz, in Sinopse de Amor e Guerra

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