E Depois Admiram-se...

"No documento ‘Sacramento de Caridade’, o Papa lança directrizes para os católicos e lembra aos políticos que há valores inegociáveis

Os padres não se casarão, os católicos divorciados não receberão a comunhão e, se a quiserem, terão de viver como irmãos, sem sexo, com o seu novo par. A simples vivência em comum de homens e mulheres não deverá ser reconhecida legalmente e os convertidos ao catolicismo que vivam em poligamia deverão optar por uma só mulher.


Estas são algumas das directrizes obrigatórias para os católicos que Bento XVI tornou públicas esta semana, através do documento ‘Sacramento de Caridade’. Trata-se de um verdadeiro programa do pontificado de Ratzinger, que se veio somar às mudanças já realizadas na cúpula do Vaticano e através das quais sublinhou a sua intenção de apontar para o espiritual e menos para os aspectos sociais e políticos.


O Papa propõe aos católicos uma religião intransigente, mas talvez muitos católicos gostassem que a mensagem cristã fosse algo alegre e formulada num tom mais positivo e aberto à sociedade moderna, e não através de listas de proibições. Por outro lado, longe de Roma as palavras de Bento XVI correm o risco de soar como uma utopia, em todos os lugares onde são os próprios padres e bispos que admitem os divorciados à comunhão, aceitam que nas suas dioceses haja padres casados e com filhos e que os jovens vivam juntos antes de se casarem ou sem terem intenção de o fazer.


O documento do Papa surpreenderá ainda mais estes cristãos, na medida em que abre de novo a possibilidade da missa ser dita em latim, idioma que foi abolido de facto quando o Concílio Vaticano II (1962-1965) introduziu as missas nos idiomas nacionais e quando a maioria dos bispos já não a fala nem entende.


O Papa também afirma que nas igrejas é preciso voltar a cantar em gregoriano, uma música do século VI que foi utilizada até metade do século passado. Para isso, pede que os seminaristas aprendam bem o latim e o gregoriano e que nos encontros católicos internacionais se utilize o latim e o gregoriano para sublinhar a universalidade do catolicismo.


Neste documento, Bento XVI também recomenda que os sermões não sejam longos e que sejam bem preparados, que os hábitos sagrados dos sacerdotes e a arquitectura e decorações dos templos sejam adequados. Aos políticos católicos, Bento XVI disse que há “valores que não são negociáveis”. Como a família composta por homem e mulher, a defesa da vida e contra o aborto, a não manipulação dos embriões, a morte natural e não pela eutanásia.


No dia seguinte à publicação do documento, o Vaticano avisou pública e oficialmente Jon Sobrino, teólogo espanhol que vive em El Salvador, de que a sua dedicação à libertação dos pobres e das classes desfavorecidas o tinha levado a apresentar a figura de Jesus Cristo tão humana que quase tinha deixado de ser um Deus. Para já, ainda não foi castigado."
in Expresso desta semana
"Acabou-se a musiqueta, as palmas e a guitarrada nas missas. O Papa quer canto gregoriano e mais latim, que isto dos fiéis perceberem o que se anda por ali a dizer não faz grande sentido. Poucas modernices na arquitectura, na pintura, na música e na escultura. Menos improvisação. Harmonia do rito, das vestes litúrgicas e da decoração. Tudo a condizer e em ordem para o rebanho não se baralhar. Tolerância zero para divorciados e nem pensar em misturadas com cristãos não-católico.

Mas o Sanctus Pater Benedictus XVI (eu cá cumpro as regras) quer, e perdoem-me o plebeísmo pouco canónico, sol na eira e chuva no nabal: que os políticos católicos legislem de acordo com a moral da Igreja. Esperando que não tenha de ser em latim, interrogo-me se, com as igrejas mais selectivas que clubes ingleses, ainda sobrarão políticos que saibam ao que devem obedecer. Não me interpretem mal. Eu acho tudo isto excelente. Só não esperava que fosse o Papa a fazer o trabalho sujo: fechar a Igreja num museu. A isso eu digo ámen."
in Opinião, de Daniel Oliveira, no Expresso

3 comentários:

JAM disse...

Álém da minha falta de crença em toda e qualquer religião baseada num ser todo-poderoso...tenho também pouca(nenhuma) crença em cromos como o Ratzinger...
Gregoriano?Para a malta nova finalmente deixar mesmo de ligar á Igreja? Fixe, já não era sem tempo!
Além de tudo o resto, decisões estúpidas vindas de um homem com um QI inferior ao do George Bush jr. só deviam servir para rir....e foi isso que fiz ao longo dos 2 textos que foram postados....a sério....gargalhadas como não dava há anos!
Para os religiosos desta geração, só posso dizer uma coisa na língua Morta
( por alguma razão está morta...deixem-na descansar em paz) que 90% dos padres já não sabem.....
Vox asinorum non aribant im Caelorum....
Seja, vozes de burro(leia-se, Ratzinger)não chegam ao céu!!

Mais uma vez, peço desculpa pelas minhas opiniões radicais em relação ao entrave que é a igreja católica!

Marisa disse...

Não precisas de pedir desculpa. Sim, às vezes tens opiniões radicais, mas nem por isso deixam de ser menos valiosas. E, neste caso preciso, concordo inteiramente contigo.
Mas, já agora...tens a certeza que o QI de Ratzinger é inferior ao do Bush? Duvido...:P
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Alice disse...

Bem, não sei, mas a nível de ideias parvas penso que estão equiparados... lol