Fonte de Mim

"Não busqueis a felicidade fora, mas sim dentro de vós, caso contrário nunca a encontrareis"
Epicteto

Será que sou mesmo uma extraterrestre que veio parar a este universo por puro acaso?

Vejo colegas de escola, antes autênticas borgas, hoje casadas e mãe de filhos. Raparigas da minha idade. E, mesmo tendo noção que antes as mulheres casavam muito mais cedo, ainda não consigo deixar de me surpreender. Encontro pessoas cujo objectivo máximo de vida é casar e ter filhos. Nada mais! Pessoas que não imaginam mais nenhum cenário senão esse, talvez porque não saibam que ele possa existir. E pergunto-me como é possível. Pergunto-me se serão felizes. Umas parecem-no, mas serão, de facto?

Talvez o problema seja meu. Eu, que sou uma romântica mas também uma realista. Eu, que não gosto de me conformar e que tenho a mania que tenho de ser diferente. Não sei...Não compreendo como é que alguém se pode realizar através e pelo Outro. Não me levem a mal. Não se trata de nenhuma condenação do casamento!
Simplesmente não quero, para mim, uma vidinha de dona-de-casa-desesperada (a não ser, é claro, se for como a da Gabrielle Solis!). Não quero aquela rotina, previsibilidade, monotonia. E é a isso que mais tarde ou mais cedo se reduz toda uma relação de projecção no Outro, ao invés de uma relação com o Outro - uma vida desprovida de magia, paixão, mistério. Deixam de ser um casal, passam a ser gémeos siameses! :)

Simplesmente não partilho da opinião daqueles que pensam encontrar a felicidade numa outra pessoa. Não acredito em fontes de felicidade. Talvez contribuintes de felicidade. :) Não gosto daqueles "preciso de ti para ser feliz". Até porque tempos depois, eventualmente, se poderá comprovar que não. Intrigam-me as pessoas que precisam de outra para viver (e, infelizmente para ela, tenho uma amiga assim. E, como o namorado agora não está cá, encontra-se num estado de total apatia e alheamento...).É claro que estarmos com alguém que amamos contribui largamente para nos sentirmos felizes e realizados, tenho a certeza disso, mas atrevo-me a dizer que, em última instância, é dentro de nós que encontramos tudo aquilo que tanto procuramos. Acredito que a nossa realização deve partir de nós, deve ser interior e não algo que se possa buscar ou encontrar em alguém. Somos nascente de nós. Nós somos a fonte.

Ou então sou mesmo uma extraterrestre! =)

5 comentários:

JAM disse...

Tu não és extraterrestre ( palavra tão esquesita....nunca tinha reparado)....tu és o que se pode considerar ser uma mulher normal dos dias de hoje.....
Quem não tem sonhos estagna e adopta os sonhos de outrém.
Com este texto fizeste lembrar um titulo de uma música ( lá 'tou eu c'as músicas)
que representa muito bem o que escreveste.....
a música em questão chama-se "Happiness in slavery"
Ora vê lá se não te faz lembrar o que escreveste:

slave screams he thinks he knows what he wants
slave screams thinks he has something to say
slave screams he hears but doesn't want to listen
slave screams he's being beat into submission
don't open your eyes you won't like what you see
the devils of truth steal the souls of the free
don't open your eyes take it from me
i have found
you can find
happiness is slavery
i don't know what i am i don't know where i've been
human junk just words and so much skin
stick my hands thru the cage of this endless routine
just some flesh caught in this big broken machine

Daqui a uns anos....essas miúdas que decidiram pôr a vida "on-hold" tão cedo....não vão pensar nesta letra exactamente....mas no fundo, no fundo, é isso que elas vão sentir!

Marisa disse...

Sempre com olho para a música! :)
Sim, a letra reflecte bastante bem o que escrevi. Happiness in slavery!...(e por momentos n pude deixar de me lembrar dos "coitadinhos" dos nossos escravos em Espanha,que eram tão "maltratados" que, dos 79 que eram, só 2 quiseram "ser salvos"! :D )
Sabes o que mais me intriga? É essa vida "on-hold" representar uma escolha quase óbvia para elas, como se tivesse de ser assim.
Não me julgo melhor que os outros, nem com melhores opções de vida mas...n me consigo imaginar assim, entendes?
Enfim...como tão bem diz essa letra, "i don't know what i am i don't know where i've been"...:) ou melhor, i don't know what and where I will be. Logo, é melhor não criticar mt! :p
**

JAM disse...

Mais uma vez digo, trata-se de uma escolha que, no futuro, irá ser reavaliada.E será também fonte de arrependimento.A cultura do "casar-emprenhar-limpar-cozinhar-ser feliz" já não devia existir e o tempo diz-nos mesmo isso...
Eu como homem que sou, seria incapaz de casar com uma mulher que quisesse casar tão nova.....aliás, como homem que sou seria incapaz de casar....LOL
Compreendo o que sentes e o que queres dizer....mas sei dizer-te de certeza que 90% das miúdas ( sim são só miúdas) que escolhem o caminho do "on-hold" arrependem-se, portanto...
Gostos não se discutem, lamentam-se...

Marisa disse...

Concordo mt com o q dizes.
Só uma nota pa dizer o qt adorei a expressão "emprenhar" :) e o teu "aliás, como homem que sou seria incapaz de casar"! LOL
Se bem que este texto não é nenhuma condenação ao casamento, apenas à projecção de nós mesmos no outro..
bj*

Alice disse...

Arhur Rimbaud disse que casar e manter famílias e casais juntos não é amor, mas sim estupidez, egoísmo, medo. E de facto é um absurdo, conheço pessoas assim, e ainda acham que eu é que estou errada por ainda não ter casado, por não ter emprego fixo, por não ter namorado... Bolas, que me deixem em paz...