Uma aventura na Igreja :)

Reparo agora na frase do dia do Citador, que costuma aparecer aqui à direita, no blogue:


"Uma fé que não duvida é uma fé morta", de Miguel Unamuno. Já conhecia, até porque é uma frase em que sempre acreditei. Mas, acrescento mais: uma fé que não duvida, além de fé morta, nada mais é do que obediência, do que temor.


Isto digo eu, que um dia me atrevi a sugerir à catequista (sim, andei na catequese) que víssemos "Stigmata" (filme que gosto muito), coisa que ela não aceitou de muito bom grado. Mas, que ainda assim fizémos, num dia em que a catequista não veio e a catequese ficou a meu cargo. O melhor disso tudo foi uma verdadeira beata, que assistiu ao que estávamos a ver e começou a falar-nos como que se aquilo fosse coisa do Diabo ou assim. Vai de retro, Satanás! :p


E o pior disso tudo foi mesmo, depois de acabado o filme, deparar-mo-nos com a Igreja completamente à nossa mercê, às 8h da noite de pleno Inverno, com os ramos da árvore a bater na janela, o vento a soprar, tudo escuro e nós ali sozinhas. Obviamente que agora me dá vontade de rir, mas naquele momento, o sentimento era outro! :) Tenham medo, muito medo.


Ah, belas recordações!

4 comentários:

JAM disse...

A única coisa que me meteu medo desse texto todo foi a catequese....
Beatas, padres e obediência cega são coisa que me deixam os pêlos da nuca eriçados...tenho muita gente da minha família próxima e não tanto que são do género que nunca questiona a sua fé e só criticam a "fé" dos outros.
Diz-me uma coisa, aprendeste alguma coisa de bom na catequese que não aprendesses eventualmente cá fora?

Marisa disse...

Sim, JAM, posso dizer que aprendi. Nem sempre e nem com todos os catequistas (passa-se o mesmo com a escola) mas penso que sim.
É inegável que a história da Igreja passa pela história do Mundo, logo, a catequese pode funcionar como um primeiro manual. Além disto, se não distorcida, há sempre uma boa moral a retirar de algumas das suas estórias, mais humana do que aquelas das fábulas.
Mais do que propriamente da vertente religiosa, gosto da sua moralidade, da tentativa de incutir valores aos mais jovens.
E...é preciso conhecer o que se passa dentro para depois poder criticar, com justiça e conhecimento de causa. :p
Mas pronto, a minha relação com a fé e a religião (coisas bem diferentes, embora alguns teimem em dizer o contrário) sempre foi um tanto ou quanto dúbia, logo, considero com atenção essa tua hipótese. Embora seja tudo muito bonito, é bem provável que, sem a catequese, eu soubesse o mesmo que sei com ela. Só não sei se sucederia o mesmo com a minha personalidade, por exemplo...

JAM disse...

Eu conheço muita gente que por ter andado na catequese ficaram com valores muito incorrectos....eu tive quem me incutisse valores em casa...no seio da família, que é onde todos os valores devem ser incutidos.
E não foi por não ir à catequese que fiquei sem entender o mundo, aliás com a abertura potencial de olhos de quem não levou uma lavagem ao cérebro, consigo ser muito mais objectivo. :D (não que todos tenham levado uma lavagem cerebral).
Estudei várias religiões , e acabei por seguir a minha fé, a fé de que se eu não fizer ninguém faz por mim....A fé do "EUismo" como lhe costumo chamar.
Sim, eu também faço divisão entre fé e religião e todos deviam fazer... :P

Marisa disse...

É evidente que concordo que os valores se devam incutir em casa, e não deixados exclusivamente à mercê das escolas ou das igrejas.
Obviamente, ser educado em determinada religião, influencia-te à partida, retira-te objectividade. Contudo, acho que depende de cada um deixar ou não que se opere em si verdadeiras lavagens cerebrais...
Reinam nos dias de hoje as fés "à la carte", mesmo dentro da própria Igreja, em que os cristãos só se sujeitam às orientações que lhes convém (basta ver a percentagem de católicos que votou sim no referendo sobre o aborto, por exemplo). Gosto da tua fé. Mesmo sendo só tua, acho que temos ambos alguns princípios em comum! :p