I Dare You To Love Me

"Happy Together", The Turtles (cuidado, música contagiante!)

(cenas do filme Imagine Me & You, já por aqui falado)

Já tinha feito muitas loucuras mas nunca uma como aquela. Enquanto olhava lá embaixo uma cidade desconhecida, escondida entre as nuvens, não conseguia deixar de pensar nisso. Tudo aquilo era uma loucura completa, um daqueles sonhos malucos que ela sempre gostava de falar mas que, no fundo, achava que não passava disso: sonhos malucos. E agora, à medida que o avião ia perdendo altitude, ela ia perdendo a calma. Estava estupidamente nervosa e aborrecia-se com isso. Porque haveria de estar a tremer assim? Não era este o momento pelo qual ela ansiava há demasiado tempo? Era, claro que era. Preparou aquele dia ao pormenor, na sua imaginação. Ainda assim, sabia de antemão que se ia surpreender, e tal fuga de controlo deixava-a assustada e vulnerável.

Ouviu de quatro diferentes maneiras que iam agora aterrar, mas não prestou grande atenção àquela voz. Toda ela estava concentrada nas imagens que a janela lhe permitia reter. Começou a sentir o peito inquieto, a bater a velocidades pouco recomendáveis. Não de medo mas de ansiedade. Quando desceu a escada, respirou fundo, deixando entrar ar fresco nos pulmões. Apesar do arrepio de frio que a apanhou desprevenida, sentiu-se em casa. Depois, já com a respectiva bagagem nas mãos, recordou todos os gestos que tinha programado para quando aparecesse no átrio das chegadas. Procuraria aquela cara que estava gravada na sua memória desde o ínicio. Sorriria. Talvez um abraço. Talvez um beijo. E um tímido Olá!.

Mas foi quando os seus olhares se cruzaram que ela entendeu que, afinal, gostava das boas surpresas do acaso. Porque quando se encontraram ela deu por si a fazer um sorriso mais aberto e espontâneo do que o programado. Na sua frente, um novo encanto ao ouvir aquele "meu amor". Na sua frente, a ternura de ter dois lírios à sua espera. Na sua frente, um aperto no coração que lhe dizia que era isto. E que era para sempre.

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