Tromboses

Para a pessoa que chegou ao blog pesquisando "onde encontro uma palavra amiga e positiva que não morrerei de uma trombose venosa que tive?":

Continue a viver, não isso de sobreviver, mas viver mesmo. Não sabe a que horas vem o ladrão ou sequer quem ele é, por isso não viva sufocado/a nesse pensamento. Quando acordar pela manhã, sorria pois é logo nesse momento que se decide como vai ser o dia. Não deixe nunca de sorrir, basta isso. E se não tiver medo de ousar ser mais, ria dos próprios defeitos e das bobagens dos outros, vá mais ao cinema, namore e ame mais, não se arrependa, cante no chuveiro, passeie no parque ou ao longo da praia deixando que o mar toque suavemente os seus pés. Brinque, lanche mais vezes com os seus amigos, diga mais vezes "te amo", olhe com mais atenção o que está à sua volta, perdoe e não se preocupe tanto. Se estiver mesmo convencido/a da situação, faça então uma bucket list.

E digo-lhe isto não por causa da trombose venosa mas porque está vivo/a e isso deveria ser, sempre e para todos, uma celebração. É tão óbvio que nunca nos lembramos convenientemente, não é? Sabe, a minha mãe não teve apenas uma mas várias tromboses venosas, e não superficiais mas profundas, antes numa perna, depois nas duas e em vários locais, e recentemente já num braço. Pior do que isso, um dia um coágulo soltou-se e ocorreu uma embolia pulmonar (desculpe se a/o estou a assustar ou a fugir à mensagem positiva). Às vezes o medo invade-me, sinto-o enquanto escrevo estas palavras, você deve imaginar.

Mas sabe o que mais aprendo com ela e mais me orgulha nela? Não se vai abaixo nunca, não deixa de sorrir, não deixa de fazer o que fazia antes (ralha-me até por vezes quando ajudo, com o argumento de que não é nenhuma inválida). Deveria respeitar mais as precauções recomendadas mas ainda insiste nos saltos altos, no caminhar desnecessário, na insensatez de abusar dos comportamentos. Sempre foi assim, é a maneira dela! Brincamos sempre com a experiência dela com hospitais, quando se arma em médica fazendo diagnósticos antecipados, ou quando conta da sua história a alguém e refere, rindo, que é uma espécie rara (é verdade). Orgulha-me porque vive e porque naquelas veias há mais do que apenas sangue a correr. Viva também.

Um beijo e um abraço sincero,
Marisa

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