Não gostas de cemitérios, não dos nossos, cinzentos e frios, disformes e irregulares conforme a riqueza de cada um, ao pó tornarás mas cada um ao seu pó, desfile de campas e estátuas variadas conforme o género e a inclinação religiosa do morto, vaidades dos que ficam e que acham sempre que a deles, dos parentes deles, são as mais bonitas, sítios onde se finge que as pessoas não morreram e onde importa ser notado porque há obrigações morais que tens de cumprir para não parecer mal-visto, há flores a embelezar e a renovar, há dias a comparecer, há o preto de luto a que não podes fugir, toda uma hipocrisía na materialização da morte que te enoja. É por isso que não gostas de ir a cemitérios, não precisas.
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