Make love to you

Via na Palavra um afrodisíaco que utilizava conforme a necessidade e a ocasião. Dizia que o Inglês era a língua da paixão, a dos amantes de cinema a preto e branco onde sempre existe uma cena de dança a culminar em beijos lentos. Por isso tinha muito o hábito de lhe falar em Inglês, quando estavam na cama. Antes disso, no jogo demorado da sedução, tratava-a no pronome "você", argumentando que esse distanciamento de desconhecidos carregava a sensualidade da impessoalidade, cada dia uma nova conquista e uma nova personagem, você sabe como é. Primeiro ela achou caricato, ridículo até, mas nunca lhe disse o que pensava. Depois, habituou-se, gostou, entranhou. Trocavam provocações simples, aparentemente simples, mas de duplo sentido, sempre com você. Quando ele não lhe resistia mais, mordiscava-lhe violento a orelha e dizia: I want to make love to you.

Era porventura das expressões que mais gostava de usar, make love to you. Não o português 'fazer amor com', como se fosse trabalho de equipa e estivessem, de facto, a cozinhar amor, qual refeição instantânea de fácil preparação. Como se se pudesse fazer amor. No máximo faria um filho porque ele não ia fazer amor com ninguém e é aí que, para ele, reside toda a beleza daquela pequenina palavra tão completa: to, to you. Porque o que ele queria mesmo era fazer-lhe, nela, a ela, para ela, amor. Um acto altruísta de quem se dá em esforço e vontade para a ver sorrir no final, com aquele sinal por cima da boca que a haveria de diferenciar para sempre de qualquer outra mulher com quem ele pudesse dormir um dia. E então ele fez-lhe amor e, quando terminou, disse, cansado - assim você deixa-me louco.

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