Last Goodbye: ela

Desculpa, mas preciso mesmo de ter essa conversa contigo. Estou tão farta deste sufoco, desta dor que me criaste no coração. Diria que tenho o coração cheio de buraquinhos, um buraquinho por cada desilusão que me deste. Sinto que estou morta por dentro. Certamente não sabes o que isso é pois, não? Espero que nunca o sintas.

Tu eras especial para mim, a pessoa que nunca quis perder e aquela que afinal mais me magoou. Alguém deve ter razão quando disse que as pessoas que nos podem dar a maior alegria são também aquelas com maior poder para nos fazer sofrer. E eu tenho sofrido tanto por tua causa e estou tão cansada, compreendes?

Sei que errei. Sei que demorei até entender isso, mas se o meu sincero arrependimento não chega para salvar o que somos - ou o que éramos - então não sei o que mais possa fazer. Tenho tentado, sabes? Tenho tentado muito, tento em cada mensagem, em cada telefonema mas sinto que não aguento mais e que estou a perder o equilíbrio. O perdão demora, e imagino que não seja fácil também para ti mas onde está aquela segunda oportunidade a que ainda não tive direito?

Sei que podia ter feito diferente mas se eras quem eu pensava, aquele de quem digo o meu melhor amigo, então deverias ter estado do meu lado quando te chamei, em desespero. Gritei pela tua ajuda e não estiveste, desejaste boa sorte e seguiste. E doeu tanto que senti que levaste contigo o meu coração e me deixaste só um vazio no peito por onde o vento da tristeza sopra. Ninguém te quer mais do que eu, acredita. Lamento que só tu não percebas.

Houve dias em que me perguntei o que mais poderia fazer para te mostrar o quanto estou arrependida mas não me deste sequer hipótese. Já não te interessas. Optaste pelo caminho mais fácil e não te importas se agora não consigo dormir. Irrita-me ceder, terás de compreender. Vivi na certeza ilusória e temporária de que estava melhor sem ti, ocupei-me o melhor que pude só para não lembrar do jeito que me olhas e sempre me dá um arrepio bom, fui a festas, dei sorrisos, não parei, só para não ter tempo de sentir a tua falta. E quando finalmente entendi o meu erro, admiti e pedi perdão, negaste-mo como se nega um copo de água. Morri aí, morremos nós.

Esqueceste-me, foi isso. Alguém disse que os homens são como a sombra, mas eu fugi e tu não correste atrás. Deixaste de perguntar por mim. Esperei que o tempo nos desse razão e quando olhei para trás à tua procura já não estavas. O tempo passou e tu passaste com ele. Nada pode ser agora igual.

No meu conto de princípes e princesas não acontecem estes contratempos e uma das minhas amigas diz-me que quem me faz chorar não é o tal. Não me perdoas e eu não consigo prolongar o que lentamente me vem matando, por isso preciso de te dizer adeus, o último. Nunca antes me senti assim e nada fará sentido sem ti mas não consigo mais. Vai custar tanto, tanto, mas será o melhor para todos. Ambos vamos sobreviver, verás. Perdoa-me este adeus, perdoa-me ao menos isso.

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