Depois da vida: duas irmãs e seu irmão

A história de uma aldeia faz-se daqueles que a compõem, dos seus mortos e vivos, entre assuntos mais ou menos sérios, que vão da cozinha das vizinhas ao adro da igreja, das bebedeiras do Penas às confusões do Suzinando, da loja da sra Teresa às repetições da velhinha YéYé, alegrias e demais tragédias. Recordando estas, talvez sejam poucas mas trágicas o suficiente para não se perderem na chamada memória colectiva daquele povo que também sou eu. Ninguém vai esquecer o Tiago - completamente esventrado ao ficar debaixo da freze, enquanto o pai lavrava a terra - ou a Joana - a cabeça separada do corpo quando a mãe travou bruscamente a carrinha e a porta deslizante fez o resto, e o Paulo, pequeno, no funeral a perguntar a toda a gente se sabiam da cabeça da irmã. Eram praticamente da minha idade. A aldeia não esquece.

1 comentário:

cegonhagarajau disse...

Fizeste-me arrepiar pois fizeste-me pensar nas "histórias" da minha terrinha...