A página 137

(És bem capaz de saber que viria para aqui contar deste episódio, mas é que acho que se fosse propositado não correria tão bem e, por isso, merece ser contado. Além do mais, já sabes que tenho este ridículo vício de vir para aqui contar quase tudo, fazer disto memória futura com medo que o tempo um dia venha.)

Estávamos deitadas na relva, de bikini a apanhar sol, eu lia "Abraço" e tu duvidavas da qualidade que eu lhe anuncio, e, para te mostrar, pedi que me dissesses uma página, de entre aquelas tantas páginas e citações que anoto numa folha pautada que sempre acompanha os meus livros, os dignos de se registarem. Havia a 13-16, a 17-19, a 43, a 91-93, a 107-109, a 111-113, a 123, a 125-127, a 129-131, a 137-138, a 139-140, a 149-151, a 159-161, a 167-169 e 5 frases soltas. Todas na mesma cor de azul, todas na mesma caligrafia pouco ponderada, sem nenhuma marca que a distinguisse das demais. E, sem hesitação, escolheste 137. E eu sorri muito enquanto lia alto para ti, surpreendida e maravilhada com a exactidão da tua escolha. No topo da página 137, letras maiores e negrito, estava escrita aquela verdade e só aquela verdade, a palavra maior de todas: "Amo-te", escreveu ele e dizia-te eu, via-te eu.



2 comentários:

cegonhagarajau disse...

Leio este post a sorrir, porque ainda hoje, deitadas na praia, dizia à minha gaivota o quanto estou a gostar deste mesmo livro e há quanto tempo um livro não me tocava tanto.
Hoje mesmo li esse "Amo-te" e agora também sorrio, não pelo mesmo motivo que tu, pelo acaso que a levou a escolher essa exata página, mas pelo acaso de eu ter lido o mesmo.
Um abraço.

Nota: também estou a anotar as páginas que mais mexem comigo :)

Marisa disse...

:) é tão bonito, não é?

(que coincidência feliz)
um abraço*