Precisava de um dia contigo.

Posso dizer-te que fazes muito barulho a subir as escadas e resmungar-me-ás irritada só para não me mandares a um sítio. Entendemo-nos assim. Troço das tuas saudades antecipadas, precipitadas até. Troço das tuas para não ter de lidar com as minhas. Dizes-me que não mostras metade do que sentes e eu sei disso mas troço ainda assim. Faz parte. 

Conheces os meus altos e os meus baixos, as escolhas que fui fazendo e até as que tive medo de fazer. Nunca me apontaste o dedo e, sobre os certos e os errados, deixaste que fosse eu a descobrir por mim. Nunca caminhaste à minha frente nem atrás de mim e soubeste os dias que eram para mim e os que não podiam ser só meus. Nesses, soubeste levar-me ao cinema, ao teatro ou ao simples sorriso que se faz quando te metes a cantar como quem seduz. Respeito-te muito por isso. O facto de ter demorado seis meses a ir para a cama contigo é só um elemento de graça que gosto de acrescentar. Por isso, quando o telemóvel tocou e a mensagem, inesperada, só dizia "precisava de um dia contigo", foram já saudades que senti. É por isso que tenho de troçar com as tuas. Cada um tem os amigos que merece.

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