Falar é ficar. Se falo é porque ainda não fui. Ainda aqui estou.

Depois passou a omitir pormenores, não porque fizessem a diferença mas porque, aos poucos, ia aprendendo o valor exclusivo de ser intimidade, rascunho à solta em agendas, sem outros palpites, sugestões ou pontos de vista. Não era consciência mas defesa pois, de outros tempos, conheceu o dano. Desgostava-se cada vez mais com as pessoas e, por isso, falava cada vez menos, sabendo que o que se oculta é sempre mais revelador do que o que se mostra. Um sonho partilhado não se torna mais real por ser partilhado. Bastava por isso ao sonhador a coisa sonhada e aquele silêncio imperceptível de se ser sonho no sono de alguém. 

Sem comentários: