Nunca saberás.

Precipito-me para dentro da noite, na espera que é sempre prolongada. Troco todos os meus dons por uma promessa que não sei se algum dia virá. O futuro parou no tempo, ainda que digas que sempre me apresso. Não sei se existo. Em que intervalo das tuas vidas serei hoje possível? Que parte do corpo te guarda as memórias do meu? Por debaixo de que sombra ouves o meu nome ou por que lado me escondes no riso? Diz-me no seio de que palavra ficou o meu coração, qual o sonho de que me adormeço e me desperto. Conta-me se a verdade é de uma límpida transparência, como se diz. A clarividência não me ilumina mais do que me perturba a escuridão da ignorância. Não sei se é bênção. Nunca saberei. Mas diz o meu nome para que eu seja real. Beija-me para que eu seja real. Diz-me que não são coisas da minha cabeça. Diz-me que é isto e que isto é real.

Sem comentários: