Na cama do hospital, a página 18.

Se me tivesses dito logo que era o sétimo, em vez de me vires falar da página dezoito, eu saberia logo e entenderia melhor. Mas dá-te prazer as coisas difíceis. Sei e entendo agora, mesmo que tu não saibas que esse é o mais importante de todos, o primeiro que fez os outros e o único que deveria sobreviver ao tempo, embora deite nessa hipótese poucas esperanças. Se todos são de passado, esse é o que se fez para o futuro, para ser lido só muito depois. Tu não poderias saber mas é esse o verdadeiro e imaculado, sem mágoa ou outro desamparo. Não cresceu para mim ou para ti mas só para ela. Hoje ao almoço, enquanto a minha mãe quase me implora que não queira engravidar, é nesse poema que penso. Esse é o meu coração nas mãos. O poema que já não sei se nascido, não sei se adoptado.

Sem comentários: