Antes que me esqueça.

A primeira palavra dita é sempre a mais perigosa. Era um dia de calor e eu, metade razão, metade sentimento, ainda sei lembrar-me. Na tua boca, a palavra era sempre uma ousadia à espera do meu momento mais distraído para acontecer. Era preciso que conhecesses todos os passos do caminho, da frente para trás e de trás para a frente, para que não tropeçasses sem querer nessa palavra. A tua determinação não permitia acasos desses. E ela veio, com a mesma inocência e simplicidade das coisas verdadeiras. Nesse dia, eu deixei de saber o que fazer, admitindo que as palavras também se gastam e que não pode haver ciência no que é particular. No medo de não saber melhor, deito-te sobre o meu peito, confiando que podes ouvir ali todas as respostas. Tudo o que nem sei dizer.

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