A primeira reacção é de repulsa física. Um nojo que vem de dentro. Evitar a todo o custo o toque daquele corpo sujo, porco, conspurcado. Não me toques, não te atrevas a tocar-me. Depois vem a mutilação de todos os desnecessários, o que não importa e passa a importar, como se esse esclarecimento de retrospectivas pudesse iluminar a ignorância ou apaziguar a violência da descoberta. Quem, quando, quantas vezes, onde. O porquê, a única que valeria de algo, é sempre a última pergunta, repara.
A primeira reacção é de excitação. Uma aventura em que embarcam juntos, gozam juntos, e regressam juntos. Pelo meio, perderam-se muitas vezes em muitos corpos. Cruzam-se, olham-se, tocam-se. Observam-se como estranhos por uma vez. São donos e senhores de si e o desejo nos olhos dos outros é também o desejo deles. Quando a noite acaba, são sempre uma escolha consciente num mar de possibilidades imediatas. O risco é calculado e recompensado. Não fazem perguntas, repara.
O corpo que chama é o mesmo que afasta. A boca que beija é a mesma que cospe. A liberdade é além do consentimento mas o que é consentido é sempre com sentido.
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