De vez em quando, aparece aqui nova fornada ao engano. É assim que sei que ainda há material a render, mesmo que escreva cada vez menos. Nessas alturas, apetece-me fazer-lhe um favor, passar-me por editora, ou crítica, ou só mesmo mal-dizente.
Esclarecer-lhe, por exemplo, que aquele último foi uma péssima escolha, fraco gosto. Fraca-fraquinha qualidade. Recomendar-lhe, talvez, um par de poetas – agora tem-me dado para a poesia, parente mais próxima duma saudade - , Daniel Faria, o Pina dos gatos, Matilde Campilho, ou o Miguel Martins. Fazem milagres, palavra de honra. Mas, o pior, desactualizado. Até tive de esforçar-me para lhe entender o sentido, repare-se. É que poucas coisas há que sejam tão humilhantes quanto o não reconhecermos a ideia de felicidade, mesmo que agora uma ideia difusa e afastada.
Todavia, assim foi. Aquilo não era meu ou sequer podia ser eu. Mais concretamente, não podia ser meu, pela simples razão de que não versava sobre ela. Trata-se, portanto, duma questão da mais clara lógica para a qual qualquer variante é inadmissível, qualquer justificação implausível. É verdade que são sempre muitas e variadas as formas de amor e de que nenhum engano fui refém. Contudo, há certos sentimentos que exigem um rosto para alcançarem significância, um nome que os marca e que vai além daquele que trazem de nascença. Por isso o reparo, de natureza essencial. É que, para escrever de amor, tenho sempre de escrever sobre ela.
Procedam-se, assim, às designadas erratas, sem prejuízo de adendas.
(passámos junto à montra da Bertrand e,
tendo-lhe dito que aquela pessoa era muito fã da minha escrita, troçou de mim,
pois claro.)
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