São várias as fronteiras que temos de atravessar para chegar a outra pessoa. A primeira de todas, o nome. Não é a mais importante mas é por aí que geralmente se começa. Depois, a fronteira da partilha, aquela que permite que uma relação se crie, quando partilhamos um momento, uma preferência, uma lista de músicas. Há também a fronteira do secreto, quando te conto algo que nunca contei a mais ninguém, quando te permito ir onde outros não vão. E ainda a fronteira da intimidade, quando me convida à sua casa e me senta na mesma mesa que os seus amigos e família, ou quando me aparece de pijama. Igualmente, a fronteira da dor, porque é fácil partilhar alegrias e conquistas mas a dor é sempre privada, solitária. E a fronteira do toque, aquela que, por definição, melhor se sente. Quando nos encontramos, por exemplo, e preciso urgentemente de tocar-te (terás notado como me inclino sempre para ti na mesa dos restaurantes, os braços estendidos na tua direcção?), seja o beijo na bochecha ou a mão na cintura porque, até lá, és caminho longínquo e eu sou sempre o desejo ensaiado e temeroso que avança e recua, avança e recua. Não sei se reparaste já como depois do sexo, porém, tudo é tão simples e leve, rimos mais, tememos menos, a fronteira que finalmente se passa, terra de livre circulação. Depois disso, estou em casa. Faço do teu corpo o meu País.
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