Não foi ao acaso que te não disse adeus, quando decidiste uma vez mais que precisavas de ir. Não sabes lidar com isso que fica em ti e te dá voltas à cabeça, sentes-te claustrofóbico sem espaço, preso numa armadilha onde todos caem, homem-menino que tem por isso de escapar enquanto há tempo. Foge bandido, foge.
Podes até pensar que foi cobardia minha, não te encarar mais para não sucumbir à certeza de morrer num adeus que é o de sempre, embora todos os adeus, consecutivos, esperados ou não, aceitados ou forçados, sejam diferentes. Mas não foi isso. Podes achar que foi para te castigar, arrependimento que não mata mas vai moer, última presunçosa lição de moral que vais saber usar no futuro, no momento certo, para nunca mais magoares alguém. Sempre te disse que era uma mulher cruel, mordida de escorpião que deixa marca de tão profunda. Mas também não foi isso, esquece. Pensei-o sim, mais tarde ou mais cedo vais ter de aprender, mas não te vou facilitar assim a vida, vais ter de compreender tudo sozinho.
Não te disse adeus pela razão mais simples de todas as que vais considerar, é mesmo tão óbvia que o mais provável é que nem a notes. Geralmente é sempre assim, sabes? Está na tua frente, tão visível, e estás tão distraído que não o vês. O óbvio. Se queres mesmo saber, não te disse adeus porque sei que vais voltar. Não tenho qualquer margem de dúvida nisto que agora te escrevo: vais voltar. Tem sido sempre assim e agora não vai ser diferente, não te enganes. Tu sempre voltas. Podes percorrer todas as ruas de Lisboa mas sei que vais sempre terminar naquelas escadas, onde um dia me pegaste pela mão e percebeste que os teus dedos encaixavam nos meus. Podes beijar todas as bocas que em nenhuma encontrarás a doçura do meu beijo e o sabor da minha língua. Podes procurar em todos os corpos e garanto-te que nenhum tem a temperatura e o gosto do meu. Podes estar com todas as mulheres, vai se quiseres. Mas, no final, vais entender: nenhuma era eu. E então vais voltar.
Até lá, sente a minha ausência, de mim que te não disse adeus. Que te doa no fundo da alma, rente à pele até te curar desse medo que tens e que te faz fugir. E então volta. Vais voltar, não vais?
Podes até pensar que foi cobardia minha, não te encarar mais para não sucumbir à certeza de morrer num adeus que é o de sempre, embora todos os adeus, consecutivos, esperados ou não, aceitados ou forçados, sejam diferentes. Mas não foi isso. Podes achar que foi para te castigar, arrependimento que não mata mas vai moer, última presunçosa lição de moral que vais saber usar no futuro, no momento certo, para nunca mais magoares alguém. Sempre te disse que era uma mulher cruel, mordida de escorpião que deixa marca de tão profunda. Mas também não foi isso, esquece. Pensei-o sim, mais tarde ou mais cedo vais ter de aprender, mas não te vou facilitar assim a vida, vais ter de compreender tudo sozinho.
Não te disse adeus pela razão mais simples de todas as que vais considerar, é mesmo tão óbvia que o mais provável é que nem a notes. Geralmente é sempre assim, sabes? Está na tua frente, tão visível, e estás tão distraído que não o vês. O óbvio. Se queres mesmo saber, não te disse adeus porque sei que vais voltar. Não tenho qualquer margem de dúvida nisto que agora te escrevo: vais voltar. Tem sido sempre assim e agora não vai ser diferente, não te enganes. Tu sempre voltas. Podes percorrer todas as ruas de Lisboa mas sei que vais sempre terminar naquelas escadas, onde um dia me pegaste pela mão e percebeste que os teus dedos encaixavam nos meus. Podes beijar todas as bocas que em nenhuma encontrarás a doçura do meu beijo e o sabor da minha língua. Podes procurar em todos os corpos e garanto-te que nenhum tem a temperatura e o gosto do meu. Podes estar com todas as mulheres, vai se quiseres. Mas, no final, vais entender: nenhuma era eu. E então vais voltar.
Até lá, sente a minha ausência, de mim que te não disse adeus. Que te doa no fundo da alma, rente à pele até te curar desse medo que tens e que te faz fugir. E então volta. Vais voltar, não vais?
1 comentário:
"She's not Rachem?!!" lool
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