Só sofremos de amor e de uma obra por cumprir.

O espaço entre nós é o espaço em nós. São ruínas e pó, ideias tangentes do que o futuro guardava. Tão perto para lhes notar a ausência, tão longe para serem verdade. Há uma mágoa persistente em quem desiste cedo demais. Há uma inquietação fascinante no que vai do nada ao nada, transubstanciação que é milagre e mistério, ser e estar unidos na mesma disposição verbal e tão desencontrados no horizonte. A vida cristaliza-se e não sei onde encontrar-te. Diz-me que há um sítio onde nos guardaste, invisível. A lógica promete, mas não cumpre, o tempo passa, mas não há um único dia. Ganhei medo ao ridículo e ao silêncio, resposta que não vem, porta que não atravesso mesmo que esteja aberta. O espaço em nós, o espaço entre nós. Convoco a vontade, a mais sábia das virtudes, para que a razão não me deturpe o gesto. Porque o corpo não tem sentimentos, só sentires, não tem princípios, só fins. A razão protege-me mas não quero ser salva. Quero a chama da boca e o abismo de qualquer crença, mesmo a mais absurda. Quero o rosto e o resto. Quero-te bem. Quero-te tão bem. Quero-te, também.

1 comentário:

Anónimo disse...

:)