It's Colombia, not Columbia I

Medellin é grande, muito grande. É por isso provável que nunca se tenham cruzado. Ainda que partilhem da mesma profissão, operam em zonas muito diferentes da cidade e nada no seu trato e caminho os suporia amigos e, ainda menos, conhecidos. São guias turísticos. Sem se conhecerem, coincidem na mesma história, uma mesma reflexão de persistência ante a adversidade. Chamarão resiliência, alguns. Chamaram sobrevivência, eles. Sem se conhecerem, ambos falaram da água pela pescoço. Eles, a cidade, o País, tudo prestes a afundar e sem margem de manobra. Os problemas acumulando, maiores, mais, mais pesados. Insuportáveis ao ponto de uma pessoa se afundar neles. Com eles. Ambos falaram que era fundamental respirar. Desde que não te chegue à boca. Desde que não te chegue ao nariz. Desde que não te cubra a cabeça. Desde que dê para respirar, respira. Desde que dê para viver, vive.

Só assim se explica o orgulho tremendo no metro que poderia ser só um metro se não fosse este o metro de Medellin. Porque aquele fez-se enquanto a violência era pão-nosso, e as carruagens assentavam ao lado de bombas e fuzis. Aquele fez-se nas barbas do crime, num antro de medo, vale onde Judas perdeu as botas em selvas que tudo escondem. Aquele fez-se sem dinheiro, sem experiência, sem sequer ser na capital. Não havia muito que justificasse que se fizesse aquele metro ali. Contudo, era ali que o País respirava. 

(não me lembro de ter andado num metro tão asseado e cuidado)

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