"Fazer projectos é uma forma europeia de alinhavar a existência, uma maneira cuidada de nos obrigarmos a cumprir um plano. Ficamos sossegados enquanto tivermos esse esquema, coisas para fazer, sítios para ir. Ser-se europeu é isso: é ter um plano."
É algo idiota de se querer mas a verdade é que sempre quis ter essa idade. Sempre me imaginei aí, como ponto de referência. O momento de confirmação mais do que de afirmação. Tu confirmas tudo. E eu confirmei que hoje estavas ainda mais bonita ao acordar. Tu é que fazes anos e eu é que me sinto de parabéns, vá-se imaginar. Parabéns, meu amor.
Não te darei tudo quanto quero mas dou-te tudo quanto sou e sei que é isso. À falta de melhor, este post vale o amor de uma vida. É teu.
Disse que o medo da morte vem daquele ponderado balanço entre o que foi e o que ainda há, se achas que já tiveste a tua quota-parte de felicidade ou se ainda precisas de ser mais feliz. Quem é muito feliz não tem medo de morrer, disse.
Vinha, karmico destino ou what you wanna see is what you get, na nota para inspirar de ontem: "If everything goes right, we get a good experience. If everything goes wrong, we get a good story.". Um dia esta será uma boa história, tu dirás que a vida era má.
O que te irrita e entristece, aquilo que a vergonha não te deixa suportar, é que na necessidade não haja poder de escolha ou sequer de negociação. Cedes, submetes-te, calas. A miséria não se esconde porque não se consegue esconder e é essa sua exibição que a aumenta. És o que vês, é certo, mas mais o que os outros vêem de ti, não o esqueças. E ali, talvez nunca como antes, miserável e exposta.
E de que servem os livros, as abreviaturas depois da assinatura, o abstract, os contactos no LinkedIn, o blog e os elogios no blog, até mesmo o A7 deles. De que serve que tenhas a assinatura da Egoísta e um 19 a Empreendedorismo, de que te serve a vaidade na Avenida ou o projecto internacional. Ninguém quer saber nada disso. Isto não é nada, bem sei. Mas, ali, foi. Não, isso é muito, no máximo 70 Euros.
Curioso como recebermos visitas na casa que é tua me faz sentir numa relação que é nossa. Saber as gavetas, os pratos, é não já uma prova mas antes uma confirmação. Serei, parece, uma pessoa expansiva - expando-me além do que é meu.
A necessidade é uma submissão. A grande questão está na tolerância. Mas até uma verdadeira miséria tem limites naquilo que aceita. Uma prostituta saberá bem do que falo.
(vendi um telemóvel, um leitor de DVD e 2 malas de portátil por 40 Euros. Não vendi o portátil.)
Num diário seria mais difícil colocar as músicas e os vídeos ou fazer uma pesquisa. Além disso, um diário quer-se privado. Aqui há sempre outra parte - ainda que digas que não, tens o ego a alimentar. Ainda que mintas dizendo que é só para ti, os comentários são uma resposta, escuta activa que não te deixa sozinha. Nem só de pão.
E parece que o meu abstract foi aceite (!). O problema é que agora tenho de pensar, seriamente, como é que os constrangimentos podem potenciar a inovação na Gestão de Projecto. Um dia de cada vez, respira.
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. Assim, como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para que havemos de ir juntos?
Ela - No estrangeiro também há coisas muito bonitas.
O amor sustenta-se no absurdo. Estar enamorado é ser conivente com uma imensa sucessão de absurdos. Nem adianta comentar sobre as circunstâncias em que estas frases foram proferidas, valem-se por si. Entre uma e outra, que venha alguém a escolher.
Disseram-me para saber estar também longe de ti, dar-te espaço, saber criar saudade. Acho que é n'O Sexo e a Cidade que eles têm dias de folga, cada um no seu apartamento, não estou certa. Pergunto-me se isto acontece na vida real, num casamento. Como diria aquele alentejano bêbedo naquela avançada noite de Verão no largo, o meu largo, surgido de não sei onde, "entendo mas não compreendo".
Ainda não sei lidar com elogios. Acredito, porém, com esperança, que será uma questão de tempo. Até esse dia, hei-de me convencer que andam todos equivocados ou distraídos. Reparem, não há aqui nada, é só isto. Eis-me aqui, escrava dos senhores, mas a fazer segundo a minha palavra.
(obrigada. um dia hei-de me apresentar como blogger. ainda vai longe.)
Tenho uma certa dificuldade em conseguir entender como é que bloquear as ruas e ocupar tudo vai melhorar a vida das pessoas. Mas eu não percebo nada disso, é verdade. Eu vou só tentar trabalhar e depois ir à aula, se a rua não estiver bloqueada, tudo ocupado.
Antes de tudo, respira, respira bem fundo. Depois olha para o lado. Para ti, e para o lado. Coloca-te em perspectiva, relativiza. É tão importante relativizar. Vê o que há lá fora. Sai do teu canto. O teu problema não é maior do que o meu. O nosso problema não é maior do que o dele. Não procures o caminho fácil, não esperes que se resolva ou que to resolvam. Queres, mexe-te. Queres, faz. Queres, persegue. Primeiro tenta sozinha.
Podes chamar a isto o que quiseres. Esta é ainda mais barata.
"Israel é aquele miúdo da escola que não tem ninguém com quem jogar à bola na turma dele e por isso quer ser nosso amigo", ou qualquer coisa muito parecida, disse ele.
When you love someone, you open yourself up to suffering. That's the sad truth. Maybe they'll break your heart, maybe you'll break their heart and never be able to look at yourself in the same way. Those are the risks. The thought of losing so much control over personal happiness is unbearable. That's the burden. Like wings, they have weight, we feel that weight on our backs, but they are a burden that lifts us. Burdens which allow us to fly.
Respondi com o mesmo tom sentencioso de sempre, de quem duvida da sensatez daquela decisão, "ela é que sabe o quer da vida". Rapidamente recordou-me, "tu também voltaste".
A tua lógica não é outra senão a mesma, que é nenhuma. Tu não és diferente. No amor todos nos submetemos. A diferença está ao quê.
Ela falava com o entusiasmo distanciado de quem (se) quer mostrar. Falou dos sítios, dos hábitos, das comidas, das pessoas, ouvi. Mostrou o desprezo (o medo?) do metro, e eu ouvi. Mesmo não tendo metade das vistas que viu, das comidas que comeu, dos sítios que visitou, das pessoas que conheceu, não fui capaz de dizer que sim, eu sabia, também estive lá. Ouvi-a como a uma estrangeira. Não lhe disse que andei de metro, de autocarro, até de carrinha (o nome que não lembro). Acredito eu em tudo o que conto?
(e lembrei os lugares e a cor dos teus olhos, ainda ciente de que nunca te conheci e de que terá sido esta a excentricidade de uma vida. sou muito feliz no que nos ficou, saudade que gosto de ter, como ele canta. perdoa-me a distância, tenho vivido. está tudo bem agora, obrigada, querida. um dia voltarei a São Paulo.)
Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito Não me tape os ouvidos e a boca Porque metade de mim é o que eu grito Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe Seja linda ainda que tristeza Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada Mesmo que distante Porque metade de mim é partida Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor Apenas respeitadas Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora Se transforme na calma e na paz que eu mereço Que essa tensão que me corrói por dentro Seja um dia recompensada Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso Que eu me lembro ter dado na infância Por que metade de mim é a lembrança do que fui A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria Pra me fazer aquietar o espírito E que o teu silêncio me fale cada vez mais Porque metade de mim é abrigo Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta Mesmo que ela não saiba E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer Porque metade de mim é platéia E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade também.
Reparo que as pessoas com nomes incomuns sofrem um de dois destinos: ou são gozadas na escola e têm uma vida profissional medíocre, ou são gozadas na escola e conquistam posições de destaque na vida profissional. Há tudo num nome.
Um ferido de guerra tem socialmente muito mais valor do que outro qualquer ferido. É uma questão de objecto, sacrificar-se por um nós meritosamente ou ter tido simplesmente um azar. O facto de eu ter ficado com um dedo do pé completamente negro e inchado (hoje já me consegui calçar, obrigada) seria bem mais interessante de explicar se eu o tivesse ganho nos jogos de orientação em Equipa, numa queda aparatosa que nos levasse ao primeiro lugar (ficámos em segundo). Mas não, fui só mesmo eu a bater contra o canto da cama logo de manhã.
Encontrei, numa qualquer fila de trânsito, a matrícula imediatamente seguinte à minha. ab-cd+1-XY. Quem pode dizer que já encontrou o seu +1, aquela milagrosa combinação de acasos?