Where you've nowhere to be, and nothing particularly pressing to do.



E o teu Inglês cheio de accent e poesia.

Do coração em chamas

"Acredito que, antes de incendiar outros corações, é preciso ter um coração em chamas."

in Colectivo Chato, o mesmo que poderia assim resumir tudo o que há aqui

Riso8

Vale a pena ir jantar a restaurantes italianos só para aprender palavras giras como "mezzanine".

Lembrete

Salmon Fishing in the Yemen
This must be the Place
We need to talk about Kevin
Assim Assim
Shame

E aí o IndieLisboa. E a Ovibeja.

Feira do Livro Interactiva






















As pistas entre os livros, o verde, a cor dos teus olhos.

(o teu cheiro, o teu cheiro. espero que isto não me faça mal.)

When your mind's made up



Perguntei-te se querias ir ver as estrelas e respondeste-me que o céu estava nublado.

Fringe Benefits

Mede-te sempre pelos melhores. Os fringe benefits são tão motivadores quanto outros factores. Aprenderão depois, talvez tarde.

And if you know where you stand, then you know where to land

Quando as pessoas se separam seguem com a sua vida. Eu sigo atrás da minha.

Remember that depth is the greatest of heights

Amanhã será um novo dia é uma expressão estranha. As pessoas dizem muitas coisas. Entendo-lhes o sentido que, na verdade, não lá está. Um dia sucede ao outro e assim sucessivamente, não há nisso nada de novidade, consolação ou redenção. É um facto. Se se repetisse o dia passado, isso sim, seria motivo de pasmo. Mas não, é simplesmente a ordem natural das coisas que amanhã seja um novo dia. É assim todos os dias.

Adenda: "nunca se sabe o dia de amanhã" também. Que venha alguém e me conte o dia de amanhã.

The cuteness in her ou De como te insulto e te bajulo ao mesmo tempo

Eu - Ela não bate bem da cabeça. Bom, eu também não, pelos vistos.
Ela - Por isso é que eram tão perfeitas uma para a outra.

Para se amar alguém não se pode bater bem da cabeça, essa bela expressão.

Just like you I should find a way to tell you everything.



Dançar contigo como se fosse a primeira vez.
Tulady.

Tambor

"Don't you see? I'm Bambi. I'm Bambi, George. If anyone in this situation is a sad little cartoon character, it's me. I'm all alone in the forest, all alone in the forest, George."

As palavras são interesseiras e infiéis. As pessoas estimam-nas muito só porque não as conhecem. Hoje que precisava de uma palavra e ela não veio, hoje que te queria dar a única e não a encontrei. São vadias as palavras, têm uma vontade só sua, amansam-se como cães.

Senti-me pequena na minha idiotice hoje. Eu a falar-lhe de ti, eu a aproveitar-me, eu a envaidecer-me na tua precisão, eu a apaixonar-me nas tuas sílabas, e eu tão ausente, eu tão egoísta, eu tão focada no meu problema que não é problema, eu a sugar vida e luz, a ti Bambi perdida na floresta.

É preciso ser-se muitas cores para dar aos outros um arco-íris. Não sei o que falo, não faço a menor ideia do que quero dizer, mas sei que preciso dizer-te algo, não porque tu precises mas porque sou eu aqui a necessitada. Eu preciso dizer-te algo e a palavra não vem, a ingrata.

Não sei o que possa ser isso mas já vi acontecer a algumas pessoas, não é experiência mas é já algum tipo de conhecimento. Tive muito medo por várias vezes, embora um medo difuso e abstracto, e, mais vezes do que é suposto pensar-se, penso nisso, no que será isso. A minha mãe não sabe o quanto penso nisso. Magoa-me pensar nisso tantas vezes, acredito que seja o medo.

Os meus pensamentos sobre isso, a vaga ideia que tenho sobre o que possa ser isso, não te aliviarão. Talvez demore muito tempo até que possas respirar de novo sem pensar nesse momento. Nós nunca sabemos. A vida é cruel mas a morte é mais. Um dia de cada vez agora, até que volte a ser dia.

Eu serei Tambor, de ti de quem nada sei, para ti para quem sempre serei, Tambor.

Não te largo a mão. 

The big friendly breach

É sobretudo nestes fins de tarde, a chuva cai e queria muito chegar e enlaçar-te a cintura enquanto fechas a porta, aspirar o perfume do teu pescoço, beijar-te com necessidade e desejo, contar-te histórias, as histórias. Não sei se isto nos faz bem ou mal, toda a amizade é uma dádiva, mas sei que há destinos piores, que serei sortuda porque sabemos continuar e ter-nos, ainda que tudo seja diferente e a tua boca não diga o meu nome. O tempo vai cimentando a tua ausência e quero ainda para mim os teus olhos doces. Éramos felizes e não sabíamos.

Missing




Lembro-me desta cena por vezes, ainda que pouco se assemelhe. Falei-lhe de ti.

(conhece-me além das palavras, talvez por isso.)

Da luta

Estamos sempre a lutar, disse. Umas vezes lutamos para que tudo mude, outras vezes lutamos para que nada mude, disse.

Há tanto ali e isso sim. Que saibas sempre pelo que lutas, que sempre te valha lutar.

By choice


















"I'm single by choice. Just not my choice."

(vale muito a pena.)

4




Há quatro anos conheci o amor da minha vida. Ele chama-me "mardinha" em vez de "madrinha" e vai descobrir o mundo.

25

Diziam que não se importavam que acabassem os feriados desde que não fossem os do verão. O 5 de Outubro, 1 de Dezembro, inverno pleno, não fazia mal, não lhes tirassem era os outros, o 10 de Junho, o 15 de Agosto.

Há gente que não merece a democracia que tem. A democracia tem de ser merecida.

Cidadã do mundo

Num dia no Bairro Alto Hotel a beber moscatel, no outro na Cova da Moura a comer frango assado: sou uma cidadã do mundo.

Mas se hoje me puderes ouvir, recomeça, medita numa viagem longa, ou num amor, talvez o mais belo.






















Ao que ainda somos.

(tão bom olhar-te, mesmo que tudo seja já irrecuperável. nada mais sobre esse jantar, sobre a companhia de hoje, o efeito do teu perfume ou do teu riso. o tempo, o tempo.)

If you can't change your situation, change your attitude I



Há várias formas de o dizer e isto sempre é mais animado do que a Adele.

If you can't change your situation, change your attitude

Se não fosse o mar, não sei. Olho-o, o sol reflectido no azul, e sinto-lhe a atitude que preciso. Corre sereno, as baleias a respirarem dentro de si.

Está aí a Feira do Livro e o Indie, tenho que estudar o Prince2 e pensar nos pormenores de Londres em Junho, quarta-feira é feriado, terça-feira vou estar com o meu afilhado, no fim-de-semana vou de carro até Paris, tenho amigos, saúde, livros, tv cabo. Talvez esta semana faça sol e amanhã seja um bom dia. Há tanta coisa em tantos dias, foca-te nisso.

M=f(X)





















(Não é preciso ver o filme para saber das expectativas.)

Desapaixonar-me-ei ou apaixonar-te-ás, até parece fácil. Pelo meio, as expectativas a ser geridas, mais minhas do que tuas, e talvez por isso até pareça difícil.

Há sempre uma variável dependente e outra independente, não o esqueças.
Tu és ainda Xu, incógnita maior da equação que sou.

Diz o roto

Releio muito cada um, aquele carinho, atenção e até preocupação, diria. Há um dia novo naquelas linhas, a sensatez e alento de que necessito.  Ali sim, o real, aqui uma tentativa somente. É possível que nos apaixonemos por palavras, não tenho dúvidas.

Never hide



















Este ano sou bem capaz de comprar uns Ray-ban.

A analogia previsível ou todos os clichés carregam verdade

O corte relativamente profundo e relativamente patético que fiz a semana passada com o portátil está agora sarado.

Deitou sangue, fez doer, exigiu-me atenção e cuidado para inadvertidamente não lhe tocar. Criou crosta e foi incómodo, uma lembrança visível. Durante a noite de hoje a crosta caiu. Apresenta agora uma pequena cicatriz, a marca que talvez perdure para sempre.

A marca ficará, será parte de mim, mas hoje não me dói.
Aprenderei a ter mais cuidado com portáteis futuramente e, com sorte, não me voltarei a magoar desta maneira, neste moldes.

Entre por essa porta agora e diga que me adora, você tem meia hora pra mudar a minha vida



"Vá, anda", dirias.

Prova de vida

É, de facto, uma curiosa expressão, essa do fazer "prova de vida".

O que consegues tu provar para saberes que vives?

Os coelhos de olhos tristes

A minha avó, que diz RS em vez de IRS e que tem de fazer prova de vida para a acreditarem viva, não sabe que é poeta. Fez um verso rimado sobre os sobrinhos que lhe chamam Madame em vez de tia e rir-se-ia na minha cara se eu lhe chamasse poeta. Entre o nosso chá e pão de ló, contou-me das urtigas que cortou, das batatas que tem para escolher, dos coelhos que lhe têm morrido. Disse-me que ficam patetas antes de morrer, que era como se ficassem com os olhos tristes e depois assim ficam, quedos, ainda com a cabeça levantada, como se dormissem em pé. Contou duas vezes dos olhos tristes e achei aquilo tudo de uma extrema e perturbadora beleza. Há mais poesia nos olhos tristes de um coelho do campo do que nas cidades dos pombos.

I can see clearly now the rain is gone

Não trocam nenhuma palavra ou apenas as essenciais para irem sobrevivendo. A presença do outro é uma condição a aceitar, mas é isso ou pior. Não se olham nos olhos senão para se culparem uma vez mais por não sei bem o quê. Fumam o cigarro habitual como estranhos, juntos não se aplica aqui. Enquanto ele conduz, ela olha pela janela, buscando algum motivo que não encontrou até ali, nos seus olhos um vazio muito grande. Seguem e não são, mesmo que de vez em quando possam sorrir. É preciso saber interpretar um sorriso.

Por vezes é preciso ver o errado para termos noção do que é o certo, como quando, conduzindo à noite, apagou por completo as luzes do carro para que o de trás percebesse finalmente que não tinha acendido as luzes.

(não te menti quando disse que éramos o casal mais feliz do prédio. ainda agora acredito nisso.)

Color my life with the chaos of trouble

Revi o 500 days of summer e obriguei-me a saber que ninguém morre de amor.

Não queiras para ti os caminhos já percorridos.


(talvez tenha sido o hábito e (ainda) não a saudade, (ainda) não o amor. que será que será. não esperes nada.)

Declaração de interesses

Há amigos que é sempre conveniente ter por perto: advogados, médicos, polícias. A mim bastam-me os amigos que gostam de cozinhar, abençoados sejam.

Diz-me o que vês e dir-te-ei

Posto isto: e ao terceiro dia ela tomou uma resolução

Saber viver os dias até não mais contar os dias.

Tudo foi dito. Agora o tempo.

O amor tenta-se mas também é.

Não tenho porquê perdoar-te, fizeste tudo bem. Desejo-te tudo o que há de bom, aquela vida cheia e feliz.
E estou também eu aqui.

Trata bem do Oscar.

Tal como no início, se isto ainda puder acabar bem, vamos falando.

Tudo foi dito e eu não posso mais. Agora o tempo.

Aquilo que nos custa entender é sempre uma surpresa que nos contradiz.

(...) Porque a memória não deixa que seja igual, mesmo que seja uma memória muito vaga, mesmo que seja só assim uma espécie de sensação muito vaga. É que a memória não é sempre aquilo que gostaríamos que fosse. Grande parte dos nossos problemas estão na memória volúvel que possuímos. Aquilo que é hoje uma verdade absoluta, amanhã pode não ter nenhum valor. Porque nos esquecemos, filho. Esquecemos muito daquilo que aprendemos. E cansamo-nos. E quando estamos cansados, deixamos de aprender. Queremos não aprender por vontade. Essa é a nossa maneira de resistir, mais ou menos, àquilo que nos custa entender. E aquilo que nos custa entender pode ter muitas formas, pode chegar de muitos lugares.
- Porquê, pai?
- Porque nos parece que é assim. Mas talvez não seja assim. Aquilo que nos custa entender é sempre uma surpresa que nos contradiz. Então, procuramos convencer-nos das mais diversas maneiras, encontramos as respostas mais elaboradas e incríveis para as perguntas mais simples. E acreditamos mesmo nelas, queremos mesmo acreditar nelas e somos capazes. Somos mesmo capazes. Não imaginas aquilo em que somos capazes de acreditar.
- Porquê, pai?
- Porque temos de sobreviver. Porque, à noite, a esta hora, temos de encontrar força para conseguirmos dormir, descansar, e temos de acreditar que no dia seguinte poderemos acordar na vida que quisemos, que desejámos. Temos de acreditar que poderemos acordar na vida que conseguimos construir e que essa vida tem valor, vale a pena. Muito mais difícil do que esse esforço é considerarmos que fomos incapazes, que não conseguimos melhor, que a culpa foi nossa, toda e exclusiva.

Abraço, José Luis Peixoto

Enough, enough now

Estás ainda acordada. O telefone tocou e eras tu, mas sem o gesto desmedido que sonhei. Trazes-me a realidade que insisto em moldar. Insisto contigo quando tenho é que insistir comigo mesma. Não digas que vais estar sempre comigo, não digas essas coisas, por favor. Fomos tão tudo e somos agora tão nada. Não digas que tentaste e que lamentas, não digas mais essas coisas, por favor. Nunca mais é tanto tempo. Nunca mais é tanto tempo, meu amor.

We are (also) what we don't see

De antemão

Dizem-me que melhores dias virão, que é uma preparação e que me espera algo muito maior. Entendo-lhes a bom-vontade, agradeço-a e comovo-me com ela, genuinamente. Porém, acredito que o céu é na terra e que a felicidade se faz no presente. Deverão saber de antemão que não sou uma pessoa crente, pese embora uma ou outra dúvida pontual.

I wanna show you off













A vergonha de o escrever no blogue foi dela e a lisonja foi minha. Deixou-me o ego elevado, sabe onde deve tocar e a pressão que deve fazer. E, todavia, dois pensamentos vieram de imediato - o primeiro, porque o li ontem, "ela não, é feita de palavras, e por mais que eu tente não consigo foder com palavras!" (Traições, P. Roth), e depois o do filme:

Kate: What do you wanna do with me?
Cal Weaver: Aah! I wanna show you off to my ex-wife, make her really jealous.

Porque eu sou do tamanho do que vejo

Não me lembro, nestes cada vez mais maduros anos de blogue, de alguma vez ter escrito um post tão longo. Talvez seja o último.

Mínima, remota e até mesmo absurda

Não é sobre ti mas sobre mim, não é desculpa porque não chega a ser mentira. Terei de passar todas as fases, andar por todos os caminhos, conviver com todos os demónios para que me possam deixar em paz. Preciso muito agora de dizer o teu nome, muitas e todas as vezes, dizê-lo repetidamente e sem medo, como quando se repete muito uma palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, até àquele momento em que a palavra já não é palavra mas só o som dela. Não sei se lês isto ou se não voltaste aqui nunca mais, compreendo tudo. Não é para te magoar ou para me diminuir, tu conheces-me e eu conheço-te, que nos baste a certeza disso.

Sei o bastante de nós para saber que não conseguimos mais mas, problema meu, sei também o bastante de mim para saber que, ingénua e indisciplinada, não sei afastar a esperança mínima, remota e até mesmo absurda de acreditar. Problema meu, mal meu, sofrimento meu, e temo não conseguir mudar.

Mesmo sendo pelas razões mais contrárias, senti-me uma adolescente hoje – segundo a segundo, não conseguia parar de fazer refresh sobre o email, como quando te conheci, na esperança mínima, remota e até mesmo absurda de acreditar que, talvez, só talvez, me pudesses escrever um email, perguntar de mim, contar de ti. Também não consigo largar o telemóvel, confesso. Mas ontem, como hoje e como amanhã, nada mudou.

É difícil quebrar hábitos, mais difícil ainda reaprender outros. Durante todo o dia quis contar-te, como fazíamos sempre. Queria contar-te como estiveram a manhã toda para me re-configurar o Outlook, contar-te que afinal a conference call foi hoje e eu que estava tão convencida que era ontem, contar-te que, para variar, a I. falou, falou, falou, contar-te com orgulho que vim a pé do trabalho para casa, contar-te que comi um salmão horrível ao almoço que já devia estar congelado há séculos, contar-te que paguei 1 euro e me devolveram 1 euro e 10 cêntimos de troco, contar-te que vi as fotos da tua empresa no facebook e me senti feliz porque vi ali a ideia brilhante que falámos, contar-te que tenho andado todo o dia com a música “Como vai você” na cabeça, porque preciso muito de saber como estás, contar-te que penso precisar de voltar a ouvir o Coração Sertanejo logo de manhã para me animar mais, contar-te que fui duas ou três vezes ao teu blogue só para ler os comentários e saber que ainda sorris normalmente, contar-te que as pessoas têm sido tão amáveis e eu não sei o que fiz para isso, contar-te que elas me deram um coelho e um saco de gomas e eu desatei a chorar, contar-te das saudades, contar-te tudo, tudo como sempre, tudo a ti.

E, nessa esperança mínima, remota e até mesmo absurda de acreditar, desponta o romantismo ingénuo e indisciplinado. Sonho que um dia, quando menos o esperar, me deixas um post cheio de ternura, arrependimento e amor. Sonho que ficas de plantão à espera na porta de minha casa, ansiosa para que eu chegue do trabalho, e me possas dizer com os teus olhos mais bonitos – aquela tonalidade que adquirem quando ficas mais emocionada – e como das outras vezes “eu sou uma idiota, não sou, amor?”, e eu só direi “és” e corro para os teus braços como se isto fosse só um sonho mau. Sonho com os gestos desmedidos e pouco discretos, daqueles que aparecem no final dos filmes antigos e nos enchem de sorrisos e lágrimas de felicidade por uma felicidade que nem é a nossa.

Penso tudo isso e muito mais, enquanto volto para a casa sem a noção de propósito que antes me enchia o peito, eu chegava e dizia que tu eras o meu fôlego e o meu verdadeiro começo de dia. As pessoas dizem muitas barbaridades quando estão apaixonadas mas nem sempre mentem. Penso no teu silêncio e se terás adormecido já no sofá a esta hora, como sempre. Sempre disseste que eu penso demais e estavas cheia de razão.

Os dias passam demasiado devagar. Foi só anteontem. Terás saudades minhas?, pergunto-me muito isso. Lembrei-me daqueles dias em que estive a dar formação no Porto e nunca me deixaste de ligar mal acordavas, inundavas-me o coração de ternura e de saudade. E lembrei-me de quando fizeste mais de cem quilómetros só para irmos jantar àquele restaurante de que ambas gostávamos e que nunca tínhamos experimentado juntas. Nesse dia fizeste-me rainha. Hoje não sei onde estão. É por isso que valorizo tanto as dedicatórias nos livros e não gosto de receber livros de presente sem dedicatória, preciso da marca, preciso de voltar lá àquele dia e saber que existiu. Ainda não te contei também – à tua conta, em duas tardes, anteontem e ontem, li o “Traições” do Roth e hoje comecei o “Abraço”, aquele que na dedicatória tem o teu nome e uma palavra que, dizes, construíste. Estou a gostar imenso, imenso.

Não to digo como estratégia, não sou habilidosa o suficiente para essas coisas. De resto, sei que dramatizo, todos os dias relações acabam neste mundo, mas tenho este vício desconcertante de ser sincera contigo. Talvez me saia o tiro pela culatra, acho que é assim que se diz, mas é pequenez nossa acharmos que temos algo a perder quando, na verdade, não temos nada nas mãos. Pode correr-me tudo mal mas, ultimamente, influências familiares talvez, procuro cada vez mais seguir aquilo do não deixar nada por dizer, nada por fazer.

Cada passo é uma vitória, difícil e dolorosa, como se numa reabilitação. E com cada um, o medo de ceder. E com cada um, a vontade de ceder. Não sei sequer se aquele jantar que, em desespero propus, será uma boa ideia, ando com muito medo de tudo e sobretudo de confirmar tudo. Dizem-me que deixe tudo como está, que continue com a minha vida, que cresça com isto e guarde o melhor de ti e de nós.

Mas depois está lá, mínima, remota e até mesmo absurda. Cada vez mais serei eu também assim para ti.

Posto isto



I wish I was an alien at home behind the sun
I wish I was the souvenir you kept your house key on
I wish I was the pedal brake that you depended on
I wish I was the verb to trust and never let you down

I wish I was a radio song, the one that you turned up.

E mais nada sobre este assunto. Acabou.

Não te direi as razões que tu tens para amar-me, porque não as tens.

Não te esqueças de que a tua frase é um acto. Se desejas levar-me a agir, não pegues em argumentos. Julgas que me deixarei determinar por argumentos? Não me seria difícil opor, aos teus, melhores argumentos.
Já viste a mulher repudiada reconquistar-te através de um processo em que ela prova que tem razão? O processo irrita. Ela nem sequer será capaz de te recuperar mostrando-te tal como tu a amavas, porque essa já tu a não amas. Olha aquela infeliz que, nas vésperas do divórcio, teve a ideia de cantar a mesma canção triste que cantava quando noiva. Essa canção triste ainda tornou o homem mais furioso.
Talvez ela o recuperasse se o conseguisse despertar tal como ele era quando a amava. Mas para isso precisaria de um génio criador, porque teria de carregar o homem de qualquer coisa, da mesma maneira que eu o carrego de uma inclinação para o mar que fará dele construtor de navios. Só assim cresceria essa árvore que depois se iria diversificando. E ele havia de pedir de novo a canção triste.
Para fundar o amor por mim, faço nascer em ti alguém que é para mim. Não te confessarei o meu sofrimento, porque ele te faria desgostar de mim. Não te farei censuras: elas irritar-te-iam justamente. Não te direi as razões que tu tens para amar-me, porque não as tens. A razão de amar é o amor. Também não me mostrarei mais, tal como tu me desejavas. Porque tu já não desejas esse. Se não, amar-me-ias ainda. Mas educar-te-ei para mim. E, se sou forte, mostrar-te-ei uma paisagem que fará de ti meu amigo.

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"

Uma pessoa extraordinária, she said

Um deficiente mental que me veio pedir tabaco e a quem disse chamar-me Isabel, disse que eu era muito bonita, que "gosto muito de ti, Isabelinha" e que foi embora a correr desejando-me boa sorte. A minha vida já está a melhorar.

Em contrapartida

Por um lado, tenho um corte na testa e a minha namorada acabou comigo.

Em contrapartida, mudei o carro de sítio a escassos minutos de ser multada pela EMEL (começaram na outra ponta), e descobri finalmente o nome desta canção.

Dir-se-ia uma vida equilibrada.

(vou ler para o cinema.)

Isto teria muita piada. Sobretudo se acontecesse a outra pessoa.

Acordei e liguei o portátil, na esperança de nem sei bem o quê. Fiquei deitada na cama com ele sobre o colo. Mexi as pernas e a parte de cima do ecrã veio direita à minha testa. Resumindo: fiz um corte e agora ando com um penso entre as sobrancelhas e até acho que está um bocadinho inchado.

Não me faltava mais nada.
Tem o seu sentido.

Don't let me go

My worry is we could be stuck on top of the hill, thinking we are top of the world and it‘s not the right hill.

A mente sabe o que procura ainda que de formas rebuscadas. Acordei às 4h30 da manhã com um único pensamento na cabeça: paixão, mistério e sensualidade - os três ingredientes base daquilo que são marcas amadas (lovemarks). Às vezes o inútil é inevitável. É inevitável que pense qual destes falhou, se não todos, qual o momento que nos conduziu aqui, onde principiou, onde que não o vi. Não adianta mas é inevitável.

Inevitável que revisites cada imagem, os emails, as mensagens, os momentos, e penses que não poderia ser tudo aquela construção forçada que falou, act as if, que teve de haver mais, algum momento de autenticidade teve de existir, alguma saudade, algum sentimento, alguma realidade. Mesmo que não adiante.

Não pode ter sido só um sonho bom, acordava e tudo continuaria igual. Acordo e, entre antes e agora, eu sei a diferença. Agora sei a diferença, portanto antes já não é apenas antes, é a diferença entre estares ou não estares, entre o que tiveste, foste, sentiste e já não tens, és, sentes. Não me digam que eu vivia antes de ti. Mesmo que pensem adiantar.

Inevitável que me apeteça chamar-te, reencaminhar-te os simpáticos emails, dizer-to uma vez mais. Sei que tomaste a decisão certa, a nobre e a justa para ambas, mas não te posso agradecer.

Inevitável que, quando há pouco fui ao multibanco, uma mulher tenha passado junto a mim e, sob o cheiro do perfume igual ao teu, eu não tenha contido a saudade.

Não vais ler, não vais escrever a respeito, o telefone toca e não és tu. Nada vai mudar, o sol hoje brilha como se não se importasse, sei que preciso do luto e da distância e custa tanto. O tempo fará, espero, os seus milagres. Eu não posso mais, mesmo que seja inevitável pensar nisso. Não adianta mas é inevitável.

Basta um email, sorriso, minuto.

Basta tão pouco e é tão tanto. Às vezes parece-me que isto do blogue é mais sério do que penso e não sei se me assusto, se me espanto, se me regozijo, se sonho. Às vezes acho que não mereço chamar "seguidores", quanto mais "leitores". E, porém, estão lá, surpreendem-me, lêem-me, sabem de mim o que eu ainda estou a tentar descobrir. Usando a palavra, sei, todas as vezes, que não mereço os leitores que tenho. "Obrigada" é já uma palavra muito feliz.

If you can't have the real thing you do all kinds of unreal things I


"I'm also just a girl standing in front of a boy asking him to love her."
Mas tu disseste que aquilo não era um filme. Não podemos brincar às realidades. Não podemos recostruir o conceito. É o que é.

(pronto, já tiveste a tua cena de humilhação do ano, não implores (mais), podes descansar agora, podem vocês, amigos de sempre, dar-me na cabeça agora. tentei.)

Intouchable





Ontem não é hoje. O altamente improvável não é impossível. Olha para nós.

When nothing goes right, go left



Até parece simples.

The missing click I

O coração tem hábitos que a razão não entende. Agora, reaprender.

The missing click

Não podes prolongar ou fingir o que não há. Foi desta. Acabou.

Everyone has a story to tell III

No fundo resumir-se-á a isso - ficar alguém para contar a história. Seja por causa da velha bicicleta disputada, do telhado do telheiro que caiu e com ele um pouco do coração da avó, seja pela frase do teu avô que, não sabendo o que era jazz, sempre dizia “já começa o jazz” quando ela lhe ralhava e que agora tu replicas como uma herança, tens pensado muito nisso. Alguém que possa contar a tua história, alongar-te nos dias.

Everyone has a story to tell II

Tal como a história que contou, aquela do palhaço pobre no palco enorme e escuro mas com um intenso foco de luz no centro e ele ali às voltas, sem sair da roda formada pela luz.
Quando o palhaço rico questiona o que faz ele ali às voltas e voltas, responde que procura as chaves que tinha perdido. Intrigado, pergunta o palhaço rico: “mas perdeste as chaves aqui?”.
E, surpreendentemente, o palhaço pobre responde que não. Levanta-se a pergunta natural: “mas se não perdeste as chaves aqui, o que estás a fazer a procurar no círculo de luz?”.

Ele responde-lhe: “mas aqui há luz”.
E tem razão. Só faz sentido que se procure onde há luz.

Everyone has a story to tell I

Aunque estoy a punto de renacer,
no lo proclamaré a los cuatro vientos
ni me sentiré un elegido:
sólo me tocó en suerte,
y lo acepto porque no está en mi mano
negarme, y sería por otra parte una descortesía
que un hombre distinguido jamás haría.
Se me ha anunciado que mañana,
a las siete y seis minutos de la tarde,
me convertiré en una isla,
isla como suelen ser las islas.
Mis piernas se irán haciendo tierra y mar,
y poco a poco, igual que un andante chopiniano,
empezarán a salirme árboles en los brazos,
rosas en los ojos y arena en el pecho.
En la boca las palabras morirán
para que el viento a su deseo pueda ulular.
Después, tendido como suelen hacer las islas,
miraré fijamente al horizonte,
veré salir el sol, la luna,
y lejos ya de la inquietud,
diré muy bajito:
¿así que era verdad?


Isla, Virgilio Piñera

Everyone has a story to tell






















Todas as noites me pedes uma história. Ontem decidi contar-te todas.

(tudo pelo teu riso.)

Figura pública

Nesta era do Facebook, só um eremita não é figura pública. Enquanto tiveres o reflexo a mirar-te no espelho não podes escapar.

Bucky Cantor I

Não é por uma decisão ser nobre que é mais justa. A auto-renúncia de forma livre à felicidade não é altruísmo mas antes, não raras vezes, idiotice. Não queiras para ti o falso moralismo samaritano, contenta-te em ser feliz. Não queiras tomar a decisão de outro, serás sortuda se te aguentares com as tuas.

All you need is love




















Está um destes na avenida de Berna. Levaram tudo.

Uma mentira mil vezes repetida torna-se uma verdade. E, porém.

Na dúvida acredita que não há dúvida, pois quanto mais remexeres mais pode notar-se. Na fragilidade podes quebrá-la ou reforçá-la. Recorda-te que a acção nasce da atitude. Agora é contigo.

Take all your big plans and break 'em



Porque tu pesquisas oxímoros e fazes quizes na zon comigo. Quero o brilho dos teus olhos para mim. És a melhor parte do meu dia. E mais um conjunto de coisas bonitas, podes escolher, assentam-te todas.

Ama-se melhor no Verão. Escreve-se melhor no Inverno.

Quem vive não escreve. Quem escreve vive pelos outros. Quem vive escreve a sua história. Quem escreve escreve sempre a história de outros.

Bucky Cantor

O maior castigo é aquele que te impões, a maior prisão aquela que te permites, usando outras palavras. É o lapso involuntário mais tolerável do que o voluntário? É o teu bem-estar mais importante que o bem-estar colectivo? Define os critérios de aceitação do teu crime, o mais pequeno. Não te enganes na insignificância, pois tudo tem significado, espera e vê.

Que calar não seja a tua vergonha. Que percas o medo do teste e a capacidade de decisão seja a tua fortaleza. Talvez por isso a necessidade de ir lá e ver o que não podes imaginar. Se fosse agora conseguirias estar do lado certo ou calarias, como eles cobardes, fizeram? Ir lá, ir lá urgentemente, ir lá e saber, mesmo que distante e tortuoso.

E lembras-te do olhar daquele cão que não era das lágrimas porque até disso tinha vergonha, se pudesse matar-se-ia. Sempre que ias à loja da senhô' Teresa e compravas paio para lhe dar, 5, 10, 20 fatias, o que o troco desse e que a tua mãe não pudesse notar de falta. Um cão com vergonha de existir. Nunca te poderás esquecer. Fizeste tu tudo o que era possível?

Ninguém entenderá nada e, de alguma forma, fará sentido. Coisas do tempo.

How do you eat an elephant?

Álvaro de Campos não sabia o que dizia quando falou de sentir tudo de todas as maneiras, visse ele a minha agenda. Uma frente de cada vez, um dia de cada vez. Quem te manda quereres tudo.

A soma das partes diz tudo do todo

As pessoas que dizem "memo" em vez de "mesmo" são as mesmas que dizem "prontos" em vez de "pronto".

Presença I

Ligou-me só a relembrar "segura na coluna, se segura na coluna". É disto que são feitas amizades. 

A ortografia é um fenómeno da cultura, e portanto um fenómeno espiritual. O Estado nada tem com o espírito.

Em total acordo com esta carta endereçada ao Ministro da Educação, sobre o (Des)Acordo Ortográfico. Brilhante.

Não se deitam comigo corações obedientes I



Mas os maridos das outras não,
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação
Dóceis criaturas
De outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes
As amigas da mulher
Tudo o que os homens não
(Tudo o que os homens não)
Os maridos das outras são

Não se deitam comigo corações obedientes

Todas as razões: e passados uns 10 minutos de estarmos deitadas, em silêncio e prontas a dormir, eis que ela me diz que o Benfica perdeu.  

Economia da Criatividade

Hoje em dia já não há escrita: apenas escrita criativa.

Nação valente e imortal: até quando mal-disposto

"(...) E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos. Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender, o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa. Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto. Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar? O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver como que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes."

António Lobo Antunes,
Visão desta semana

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