Uma aventura na Igreja :)

Reparo agora na frase do dia do Citador, que costuma aparecer aqui à direita, no blogue:


"Uma fé que não duvida é uma fé morta", de Miguel Unamuno. Já conhecia, até porque é uma frase em que sempre acreditei. Mas, acrescento mais: uma fé que não duvida, além de fé morta, nada mais é do que obediência, do que temor.


Isto digo eu, que um dia me atrevi a sugerir à catequista (sim, andei na catequese) que víssemos "Stigmata" (filme que gosto muito), coisa que ela não aceitou de muito bom grado. Mas, que ainda assim fizémos, num dia em que a catequista não veio e a catequese ficou a meu cargo. O melhor disso tudo foi uma verdadeira beata, que assistiu ao que estávamos a ver e começou a falar-nos como que se aquilo fosse coisa do Diabo ou assim. Vai de retro, Satanás! :p


E o pior disso tudo foi mesmo, depois de acabado o filme, deparar-mo-nos com a Igreja completamente à nossa mercê, às 8h da noite de pleno Inverno, com os ramos da árvore a bater na janela, o vento a soprar, tudo escuro e nós ali sozinhas. Obviamente que agora me dá vontade de rir, mas naquele momento, o sentimento era outro! :) Tenham medo, muito medo.


Ah, belas recordações!

Criatividade

E ainda outro excelente anúncio, desta vez da Nokia. Enjoy...


via Tir Na Nog

Jaguar*

Hoje de manhã esteve a passar no National Geographic, um documentário chamado "Os Segredos da Jaguar". Obviamente, vi. Deixo-vos com dois extraordinários anúncios, um que falaram no documentário - Gorgeous - e, o outro em baixo, que encontrei por acaso e que, afinal, é uma publicidade a umas collants (quem diria?). Enjoy...



Ver aqui o outro anúncio.

* ou: Quando é que me sai o Euromilhões?

Snow Cake


Não sou doida por blockbusters. Pelo contrário. Já descobri há muito que às vezes se encontram verdadeiros tesouros entre aquilo que não é tão consumido. Snow Cake é um desses tesouros. Autêntica pérola sobre o autismo (de que eu sabia quase nada) e sobre a natureza humana.


Trata-se de uma história relativamente simples. Do poder das amizades inesperadas, de mundos ditos incomunicáveis que afinal se tocam, de pessoas que descobrem em si uma força que desconheciam, de demónios interiores que se exorcizam. De diferenças e semelhanças. No fundo, trata de cada um de nós.


Uma das três personagens principais do filme é um forasteiro, Alex Hughes (o grande Alan Rickman, que não deveria ser só recordado pelo papel em Harry Potter!) que, relutantemente, aceita dar boleia à jovem alegre e descontraída Vivienne Freeman (Emily Hampshire) até à sua casa em Wawa. Aspirante a escritora, Vivienne aproxima-se de Alex com a crença de que, já que ele parece tão solitário, deve ter uma boa história de vida para contar. Mas, tragicamente, ela não chegará a casa. O carro onde seguem tem um acidente, do qual Alex escapa ileso e Vivienne tem morte instantânea. O resto da história passa-se em Wawa, com Alex a tentar redimir-se de uma culpa que lhe pesa, ajudando a mãe autista de Vivienne, Linda, a preparar o funeral. De facto, a personagem chave desta história é, inquestionavelmente, Linda.


Linda Freeman (Sigourney Weaver) vive num mundo diferente do nosso, um mundo estranho e obsessivamente organizado. Ela não é louca nem anormal. É tão-somente diferente e, por isso, especial. Tem autismo. É fascinada por coisas que brilham, consegue combinar números com extraordinária rapidez e habita um universo de extrema precisão que não permite infacções ou sujidade. Contudo, tem uma enorme falta de empatia pelas pessoas ditas normais, que, no fundo, só a querem ajudar. Aliás, a sua primeira cena é deveras constrangedora e pode até parecer fria e despreocupada porque, nessa altura, o público ainda não tem a informação de que ela é autista. Como reagiriam se, na posição de Alex, fossem dar os pêsames à mãe da pessoa que levavam convosco no carro e ela se limitasse a dizer, sem denotar qualquer emoção pela morte da filha há duas horas atrás, qualquer coisa do género: "Ah, está bem, não faz mal"?


Mais tarde, percebemos que ela é mesmo assim e que tais atitudes não representam de modo nenhum uma ausência de emocionalidade mas antes uma forma diferente de experienciar os sentimentos (veja-se a sua cena de dança no dia do funeral). De facto, uma das coisas que torna o desempenho de Weaver memorável é o facto dela levar à personagem de Linda uma veracidade tal, que devia até ser premiada por isso. Uma Weaver como nunca antes vista! A sua actuação não está muito distante do Rain Man de Hoffman, digo eu. Além disto, a sua personagem parece carregar em si tanta lógica que, somos nós, tal como Alex, quem se começa a sentir um pouco burro e a questionar as coisas sem sentido que fazemos. Afinal, porque é que não podemos sentir a mesma alegria que, quando crianças, tínhamos ao brincar na neve? Porque é que é inapropriado fazer palhaçadas num trampolim? Porque é que lutamos tanto para apagar certas lembranças e esconder certos passados?


Um destaque especial ainda para a personagem de Maggie (Carrie-Anne Moss), a vizinha de Linda que vai ajudar Alex a encontrar-se a si mesmo. Carrie aparece magnífica, lindíssima e com uma sensualidade que não lhe conhecia. Acho que, de tantos Matrix's, a minha percepção desta actriz foi influenciada. Mas, ainda bem que entra neste filme!

Na minha opinião, o filme mostra também Rickman no seu melhor. O seu humor sarcástico, ao contrário da comédia física, aproxima-se mais da vida real, repleta de ironias. E, não sendo propriamente um filme para rir, existem ao londo do filme falas deveras engraçadas como quando Linda compara comer neve a ter um orgasmo ou quando Maggie pede para dispensarem o jantar porque ela não gosta de ter sexo de barriga cheia.

Como já referi Snow Cake é um filme muito pessoal e não um blockbuster. No entanto, são poucos os filmes que, tal como este, conseguem enriquecer o modo como nos vemos a nós próprios e o modo como lidamos com a diferença. Recomendo vivamente.




Nojo de Mundo

Encontrei n'O Jumento esta cruel notícia: Mulher condenada a Violação no Paquistão

«Una mujer de una localidad del centro de Pakistán ha huido de su casa tras dictaminar un consejo tribal que ha de ser violada por el padre de una menor de la que abusó su marido, en un caso que ninguna de las familias afectadas ha planteado a la Policía, informó hoy la prensa.
La corte tribal juzgaba a Rafiq Naunari, padre de cinco hijos y habitante del pueblo de Jehanian, cerca de Multán, la capital de la provincial oriental paquistaní de Punjab, según el diario Daily Nation. »

Nojo de País

"Supremo considera que violação aos 13 anos é menos grave do que aos sete e afirma que tribunais aplicam penas demasiado altas a pedófilos devido à mediatização dos casos. Sindicato dos Magistrados diz que é «preocupante» inserção de opiniões nos acórdãos.


Uma violação aos 13 anos é menos grave do que aos sete. Segundo a edição desta terça-feira do Correio da Manhã, é este o entendimento do Supremo Tribunal de Justiça, que considera estar-se a valorizar excessivamente a pedofilia, aplicando-se penas demasiado altas a indivíduos condenados por abusos sexuais de menores.


O Supremo entendeu ser menos grave violar um menor de 13 anos do que um de sete e, nesse sentido, acabou por reduzir em dois anos a pena de um homem condenado por crimes de abuso sexual de menor.
O indivíduo em causa tinha sido condenado a sete anos e cinco meses em cúmulo jurídico, com o tribunal de primeira instância a justificar a pena com a necessidade de «prevenção geral positiva» e com o facto de a «natureza do crime ser susceptível de alarme social, sobretudo numa época em que os processos de pedofilia têm relevância mediática e a sociedade está mais desperta para este flagelo».


Os juízes do Supremo consideraram que o tribunal de primeira instância foi influenciado pela relevância mediática que acompanha estes casos. No acórdão pode ler-se ainda «que há que ter em conta o grau de desenvolvimento do menor, não sendo certamente a mesma coisa praticar algum dos actos com um jovem de 13 anos, que despertou já para a puberdade e que é capaz de erecção e de actos ligados à sexualidade que dependem da sua vontade».


Segundo o jornal, a pena de sete anos e cinco meses de cadeia resultava do cúmulo jurídico de cinco condenações por diferentes situações. Por três crimes de abuso sexual de criança na forma tentada o homem foi condenado a penas de oito, nove e dez meses de prisão. Pelo crime de abuso sexual de criança através de conversa obscena foi condenado a um ano de prisão. E pelo crime de abuso sexual de criança na forma continuada foi condenado a seis anos e cinco meses. O Supremo só avaliou os recursos do caso de abusos sexuais continuados.


O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público considerou hoje «preocupante» a inserção de opiniões em acórdãos judiciais. «Começa a ser preocupante a inserção (nos acórdãos) de opiniões de natureza pessoal, quase ideológicas ou morais, que podem pôr em causa a validade jurídica da decisão, principalmente em matérias tão sensíveis», disse António Cluny à agência Lusa.
Ressalvando desconhecer o acórdão na totalidade, o presidente do SMMP acredita que este tipo de considerações desvia a atenção dos cidadãos do acerto jurídico da decisão e lamenta que, nos últimos tempos, tenham sido estes os aspectos mais evidenciados nas sentenças.
António Cluny defende ainda que os acórdãos devem ser «mais económicos em opiniões»."
in PortugalDiário de 29/05/07

Música do Dia

If You Don't Know Me By Now, Simpy Red

Grande resposta!

Imagem arrastada daqui.

Magnífica, a resposta do JSD de Setúbal às afirmações insultuosas de Mário Lino sobre a Margem Sul! E agora, sr. eng.º, esconde-se a cabeça na areia? :p

Abençoado Jornal

Porque quem fala assim não é gago!

Imagem retirada daqui.


"A verdade era bela,
como vinha nos livros.
À beirinha das águas
a verdade era bela.

Os que deram por ela
abriram-se e contaram
que a verdade era bela,

Quase todos se riram.
Os que punham nos livros
que a verdade era bela,
muito mais do que os outros.

A verdade era bela
mas doía nos olhos
mas doía nos lábios
mas doía no peito
dos que davam por ela."
Sebastião da Gama

Advertência

"Deixai-o passar, gente do mundo, devotos do poder, da riqueza do mando, ou da glória. Ele não entende bem disso , e vós não entendeis nada dele.
Deixai-o passar, porque ele vai onde vós não ides; vai, ainda que zombeis dele, que o calunieis, que o assassineis. Vai, porque é espírito , e vós sois matéria.
E vós morrereis, ele não. Ou só morrerá dele aquilo em que se pareceu convosco. E essa falta, que é a mesma de Adão, também será punida com a morte.
Mas não triunfeis, porque a morte não passa do corpo, que é tudo em vós, e nada ou quase nada no poeta."

in "Folhas Caídas", Almeida Garrett

Simpatia com Simpatia se Paga*

Hoje este blogue teve uma agradável surpresa que, como sou uma daquelas sentimentalistas à antiga, tenho de revelar: recebeu uma menção na habitual rúbrica "Postais Blogosféricos" do Corta-Fitas, como sendo um blogue muito simpático, que vale a pena visitar.
Não sei bem se é verdade isso do valer a pena mas...simpático até acho que seja! :) Obrigado pela distinção, Pedro Correia. E, já agora, pela publicidade gratuita! Porventura, serão estes os meus quinze minutos de fama no mundo da blogosfera!

O problema é que agora aparecem aqui novos visitantes, a pensar que isto é uma grande coisa, com farpas e bitaites à governação do País ou com brilhantes críticas aos livros e espectáculos do momento e depois...zás, sentem-se enganados. Dão de caras com uma miudinha universitária, que não escreve nada de especial, mas que ainda assim, se toma por especial. Que tem opinião sobre tudo e sobre nada, como de resto qualquer um tem. Uma rapariga que tem problemas comuns, dúvidas existenciais e também das outras, das banais. Que tem medo da solidão e fascínio pelas cores do mar. Alguém que ainda não sabe muito bem o que quer da vida, mas que um dia há-de lá chegar. Mas, acima de tudo, alguém que é projecto em construção, matiz de sonho e de vida, uma mescla de ideias, fracassos e emoções que se cruzam em mim, e de mim para comigo. Eu sou eu. Marisa.

E, a todos os quanto passam por aqui, seja por engano ou por vontade, o meu sincero "Bem-vindos". Mi casa es su casa.

*Agradecimento que extendo a todos aqueles que, gentilmente, me incluem na lista de links ou em rúbricas próprias, como esta.

Eu fui


Cascata pirotécnica na Ponte 25 de Abril.

O humorista Mário Lino

Aprender com House MD



As pessoas mentem. As pessoas mentem. As pessoas mentem. As pessoas mentem.

Desiludiste-me quando menos o esperei. Um dia aprendes...

DreamCars

Jaguar (a minha lovemark) XKR e Aston Martin V8 Vantage

Os meus 2 automóveis de sonho juntos no mesmo vídeo e com o Jeremey Clarkson do Top Gear a apresentar. Haverá melhor vídeo para ver em mais um dia de sorteio do Euromilhões? :p

Tempo Nosso

O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem e o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.

Falamos do tempo como algo de objectivo, mecânico, controlável. Afinal, a nossa vida mede-se em anos. Os nossos dias regem-se pelas horas que já foram ou pelas que ainda hão-de vir. Somos escravos dos minutos que nos escapam. Reféns dos segundos que tudo mudam. Basta um instante.


Há quem nos exija tempo e há quem reclame do tempo. Quem não tenha tempo. Outros, que o fazem. O fazer tempo, triste e irónica expressão para quem o tempo escasseia, aqueles que têm os dias contados.


Há tempo que dura uma eternidade e nunca mais passa. Pelo contrário, momentos há que nos fogem por entre os dedos, quais grãos de areia. Sempre, quando mais os queremos guardar. E há quem não tenha já a noção do tempo, que esqueça memórias e histórias. Não há dúvida de que somos todos pessoas a prazo e cadáveres com prazo. Um intervalo indeciso entre dois extremos: o nada e o nada.

E é por isso que o tempo é de cada um e não cabe em medidas de dias, noites ou anos. Porque tu fazes do tempo o que quiseres. É uma construção só tua, íntima, única. É também por isso que não há tempo no encontro da tua boca com a minha. Contigo é nunca. Contigo é sempre.

A melhor série de todos os tempos

O quanto eu chorei e ri com vocês...Voltem.

Saudades disto...

The Muppets Show

Retrato Social dos Tugas

Delicio-me a ler a rúbrica "Os Tugas" de Pedro Correia no Corta-Fitas e a sua inteligente "Tertúlia Literária". Para quem não conhece, e espero que o autor não se importe, aí vos fica a reunião dos textos d'"Os Tugas", que vale muito a pena continuar a seguir...

Os Tugas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9.

Carências

Ontem a ver o Sempre em Pé ouvi uma frase da Margarida Martins, da Abraço, em que me revi de imediato. Qualquer coisa do género:

Não tenho carências afectivas.Tenho carências efectivas.

Bobby Darin

Gosto de filmes biográficos. Sempre gostei. E, quando se trata de personagens complexas, é bem mais interessante do que ler uma biografia, confesso. Igualmente redutor mas, às vezes, somos impacientes de saber.

Tudo isto para dizer que ontem à noite, a RTP1 passou Beyond The Sea, escrito, dirigido e protagonizado por Kevin Spacey (American Beauty, K-Pax...).
O filme retrata a vida de Bob Darin (Walden Robert Cassotto), um dos mais populares entertainers dos anos 50, presença habitual no famoso Copacabana de Nova Iorque. Bob era um artista versátil e multifacetado que teve êxitos em vários géneros musicais e que conquistou ainda prémios pela sua carreira de actor, chegando inclusivamente a ser nomeado para um Oscar.
Esteve ainda envolvido na política, ao lado de Robert Kennedy e, aquando da morte deste e revoltado com a Guerra do Vietname e o estado caótico do País, a sua vida toma um novo rumo, num processo de descoberta pessoal.

Spacey foi muito criticado por representar o papel principal do filme, já que Bob, que morreu com 37 anos, era bem mais novo do que o actor. Embora não tenha sido o êxito de bilheteira previsto, este é um filme feito por um fã para os fãs e uma história interessante para quem tiver curiosidade em saber mais sobre esta lenda americana, por muitos esquecida.
Dizia que o seu objectivo maior era ser recordado como um ser humano e como um grande artista (performer). Conseguiu.

Algumas das suas músicas mais conhecidas são "Mack The Knife", "Beyond The Sea", "Dream Lover", "If I Were a Carpenter", "As Long As I'm Singing", entre outras...Aí vos fica uma de que gostei muito, com uma pertinente, e infelizmente actual, letra sobre a guerra - "Simple Song of Freedom". Enjoy.

Come and sing a simple song of freedom

Sing it like you've never sung before

Let it fill the air

Tell the people everywhere

We, the people here, don't want a war.

Hey, there, mister black man, can you hear me?

I don't want your diamonds or your game

I just want to be someone known to you as me

And I will bet my life you want the same.

Refrão

Seven hundred million are ya list'nin’?

Most of what you read is made of lies

But, speakin’ one to one ain't it everybody's sun

To wake to in the mornin’ when we rise?

Refrão

Brother Solzhenitsyn, are you busy?

If not, won't you drop this friend a line

Tell me if the man who is plowin' up your land

Has got the war machine upon his mind?

Refrão

Now, no doubt some folks enjoy doin' battle

Like presidents, prime ministers and kings

So, let's all build them shelves

Where they can fight among themselves

Leave the people be who love to sing.

Refrão

I say … let it fill the air …

Tellin’ people everywhere …

We, the people here, don't want a war.

Fallen

Fallen, por Sarah McLachlan

Sem palavras. Simplesmente lindo.

(Blow) Jobs For The Boys

Bélgica: Candidata ao Senado «promete» sexo oral a eleitores "A candidata ao Senado belga pelo partido de protesto NEE, Tanja Derveaux, garantiu hoje uma «surpresa» a quem se inscrever na lista para desfrutar de uma das 40.000 «felatio» que ela «promete» no âmbito da sua campanha eleitoral.
«Todos os que se inscreverem receberão algo muito divertido», assegurou Tania ao ser questionada sobre a seriedade da sua campanha para as eleições legislativas de 10 de Junho.

A jovem estudante de técnicas de mercado decidiu, juntamente com cinco amigos, fazer um ano sabático para se apresentar às eleições municipais e legislativas na Bélgica com o fim de oferecer «um voto de protesto imparcial» àqueles eleitores que não estão contentes com nenhum partido e querem demonstrar a sua decepção pelas promessas que ficam por cumprir.
NEE (não em holandês) quer pôr os partidos políticos tradicionais a reconhecerem os seus defeitos e aproximar a política dos cidadãos.

Inicialmente, Tania aparecia na publicidade eleitoral do NEE nua ou seminua com asas de anjo e prometia criar 400.000 «jobs», parodiando a oferta do partido do primeiro-ministro, Guy Verhofstadt, de criar 200.000 empregos.
Mas a reacção de um simpatizante, que lhe perguntou porque não prometia blowjobs (felações, em inglês) em vez «jobs», fez com que Tania e a sua equipa se tenham decidido a dar uma grande volta ao slogan eleitoral.
Na sua página eleitoral www.nee-antwerpen.be, Tania oferece agora «40.000 blowjobs» a quem se inscrever.






Quando lhe perguntaram se não teme que alguns crédulos possam levá-la a sério, Tania assegurou que «a maioria das pessoas entende logo que não é real».
«As pessoas não são tontas e àquelas pessoas que nos fazem perguntas a esses respeito explicamos-lhes o que acontece«, disse a jovem, acrescentando: «Até agora só recebemos reacções positivas».


Deixou claro que assumirá o seu lugar caso seja eleita.
«Defenderei a inclusão na legislação eleitoral, a todos os níveis, da possibilidade de expressar um voto de protesto, um NO, à maneira do voto em branco«, explicou.
«Os eleitores que votem NO também podem dizer se o seu voto é dirigido contra algum partido em particular que os tenha defraudado, para que a formação (partidária) saiba quantas pessoas não estão de acordo com a sua política», assinalou Tania, acrescentando que estes votos, na prática, estariam representados por lugares vazios.




O NEE obteve o apoio de mais de 4.500 eleitores nas eleições municipais de Outubro em Antuérpia, menos de 1,5 por cento dos votos na sua primeira participação.
Desde a criação de NEE, exactamente antes das eleições municipais, a popularidade do partido, e em particular da sua cabeça de lista tem vindo sempre a aumentar, embora o grande êxito venha do estrangeiro."


in Diário Digital / Lusa de 17/05/2007





* Para os eleitores que vão votar a contar com o blowjob fica o aviso: os políticos não costumam cumprir as suas promessas.

Os Bufos de Hoje


"Um professor de Inglês, que trabalhava há quase 20 anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), foi suspenso de funções por ter feito um comentário – que a directora regional, Margarida Moreira, apelida de insulto – à licenciatura do primeiro-ministro, José Sócrates.


A directora regional não precisa as circunstâncias do comentário, dizendo apenas que se tratou de um "insulto feito no interior da DREN, durante o horário de trabalho". Perante aquilo que considera uma situação "extremamente grave e inaceitável", Margarida Moreira instaurou um processo disciplinar ao professor Fernando Charrua e decretou a sua suspensão. "Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas. O sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal", disse a directora regional, que evitou pormenores por o processo se encontrar em segredo disciplinar. Numa carta enviada a diversas escolas, Fernando Charrua agradece "a compreensão, simpatia e amizade" dos profissionais com quem lidou ao longo de 19 anos de serviço na DREN (interrompidos apenas por um mandato de deputado do PSD na Assembleia da República).

No texto, conta também o seu afastamento. "Transcreve-se um comentário jocoso feito por mim, dentro de um gabinete a um "colega" e retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente, pinta-se, maldosamente de insulto, leva-se à directora regional de Educação do Norte, bloqueia-se devidamente o computador pessoal do serviço e, em fogo vivo, e a seco, surge o resultado: "Suspendo-o preventivamente, instauro-lhe processo disciplinar, participo ao Ministério Público"", escreve.

A directora confirma o despacho, mas insiste no insulto. "Uma coisa é um comentário ou uma anedota outra coisa é um insulto", sustenta Margarida Moreira. Sobre a adequação da suspensão, a directora regional diz que se justificou por "poder haver perturbação do funcionamento do serviço". "Não tomei a decisão de ânimo leve, foi ponderada", sublinha. E garante: "O inquérito será justo, não aceitarei pressões de ninguém. Se o professor estiver inocente e tiver que ser ressarcido, será."

Neste momento, Fernando Charrua já não está suspenso. Depois da interposição de uma providência cautelar para anular a suspensão preventiva e antes da decisão do tribunal, o ministério decidiu pôr fim à sua requisição na DREN. Como o professor, que trabalhava actualmente nos recursos humanos, já não se encontrava na instituição, a suspensão foi interrompida. O professor voltou assim à Escola Secundária Carolina Michäelis, no Porto. O PÚBLICO tentou ontem contactá-lo, sem sucesso.

No entanto, na carta, o professor faz os seus comentários sobre a situação. "Se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia."

in Público de 19/05/2007

E eu a pensar que esse tempo tinha acabado e que vivíamos numa democracia onde havia liberdade de expressão! Ao que chegámos! Lamentável.

Fugiu-lhe a boca para a verdade

"O discurso de José Sócrates sobre a nova Lei da Nacionalidade surpreendeu os que prestavam atenção às palavras do primeiro-ministro. Isto porque, no meio das frases da praxe, Sócrates pediu o esforço de todos por um país mais... pobre.

«Quero deixar-vos também uma palavra de confiança, confiança em vós, nas vossas famílias e a certeza que cada um de vós dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre... perdão, para um país mais solidário, mais próspero, evoluído», disse o chefe do Governo, corrigindo de imediato a «gafe».

A nova Lei da Nacionalidade foi aprovada pelo Parlamento a 16 de Fevereiro de 2006, sem votos contra, no seguimento de uma proposta de lei do Governo, que defendeu que o diploma «promove a justiça e a inclusão social, num exercício de abertura e responsabilidade».

Mais de 5000 cidadãos estrangeiros manifestaram vontade em ter a nacionalidade portuguesa desde que as alterações à Lei da Nacionalidade entraram em vigor, anunciou.
José Sócrates falava na cerimónia de entrega do certificado de nacionalidade portuguesa a mais de 300 imigrantes, que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa."

in PortugalDiário de 21/05/2007

Angelina e...o resto


Não é nada de mais mas...tinha de dizê-lo. Angelina Jolie esteve, hoje à tarde na Sic, a fazer o papel de Olympias em Alexander, o filme sobre a impressionante estória de Alexandre, o Grande.
Pronto, tudo dito. Já não vou dizer que o filme é muito bom e que Angelina também é muito boa. Actriz, obviamente! ;p

Ouro sobre azul


Embora seja benfiquista, daqui seguem os meus Parabéns ao Futebol Clube do Porto. É inquestionável a sua superioridade, penso eu de que.



Ainda assim, irrita-me profundamente uma coisa: desde quando é que a exaltação de um clube, sobretudo em celebração de vitória, implica que se insultem os restantes adversários? A sério, que não entendo...

E preferência, também têm?

Hoje fui a Fátima com a família. Cada vez mais me enoja aquilo tudo. Basta estar a chover e é ver todos aqueles santinhos cristãos a atropelarem-se uns aos outros, sem respeito por pessoas mais doentes (acho que a minha mãe veio pior do que foi), mães com carrinhos de bébe ou velhinhos (aliás, estes quase são os piores!). Quantos daqueles são mesmo crentes e não apenas cristãos-de-domingo? Gostava de saber...E a nova igreja que custará milhões de euros?? Somos muito ricos...
Acho que nunca desgostei tanto de lá ir como hoje!

E encontrei um "recado" para os noivos e namorados deveras curioso. Para além da normal advertência para o não ao aborto e à promiscuidade, entre outras coisinhas, o dito terminava da seguinte forma: "Por famílias felizes. Com mais de dois filhos." Ridículo! Significará isto que só as famílias com mais de dois filhos são felizes??! E quem os não tiver, cometerá algum sacrilégio, condenados à eterna infelicidade? Até admira não colocarem também "filhos varões"! É que, afinal de contas, a Igreja precisa de mais vocações para padres, diz-se.
Ai senhores!...

Dança Comigo...


Há dias em que nos sentimos donos do mundo. Nos sentimos Mulher. Linda. Confiante. Ontem foi o meu baile de finalistas e foi um desses dias. Devíamos andar sempre assim vestidos! Uma noite inesquecível...

Se uma lágrima te cair
Ao ver chegar o fim
Toma cuidado, muito cuidado,
A saudade começa assim...

Play it again, Sam

"The Voice" morreu a 14 de Maio de 1998. Poucos dias depois de mais um aniversário da sua morte, aqui fica no blog a minha homenagem a Frank Sinatra. Adoro algumas músicas dele. Quem não recorda Strangers in the Night, New York New York, I've Got You Under My Skin, etc? Ainda assim, a minha preferida e uma daquelas que para mim serão músicas de sempre, é My Way. Love it. Enjoy...

Rã em Água Quente


"Se se colocar uma rã numa panela de água quente ela salta de imediato para fora.

Mas, se se colocar essa rã, numa panela de água fria, ao lume, ela acabará por morrer cozida."

adaptado de

Daniel Goleman, Inteligência Emocional


Li esta metáfora e apercebi-me de que a rotina, o hábito, a certeza, o adquirido...faz-nos morrer.

Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar

Não me perguntes se é verdade. O que é a verdade, afinal de contas? Talvez não te ame a ti, mas ao amor que fomos, à memória que me ficou do teu sorriso e do teu cheiro, ao passado que já não há. Talvez corra mal e nos arrependamos. Quem o sabe? Não te posso dar certezas. Não posso. Não sei. Só sei o que sinto hoje e agora. Não me perguntes pelo amanhã. Amanhã é outro dia que não hoje nem ontem. E a escolha será sempre só tua. Tem de ser só tua, meu amor. Não me venhas depois culpar. Mas de que adianta? De que adianta o que escrevo ou o que digo? Passou já tanto tempo. Tens já tanta história agarrada a ti. Tanta gente com quem almoçar no Natal.

A minha mãe diz-me que, em coisas importantes, não nos podemos conformar com o mais ou menos. E eu não te quero assim, mais ou menos. Quero alguém que não duvide. Alguém que tenha a certeza desde o primeiro instante. Alguém que não tenha medo e se atire de cabeça. Alguém que não tenha de medir os prós e contras para se decidir. Não quero estar contigo só porque correu mal. Não vou ser a segunda opção, acredita. A culpa é minha, que te prometi aquilo naquela noite...

Como consegues viver assim, pergunto-me. É esse o teu ideal de vida? E como poderia eu acreditar em ti, depois de tudo isto? Estamos condenados. Por mais tempo que passe, voltamos sempre ao mesmo sítio que é lado nenhum. Então, de que adianta? Porque hoje, eu o sei, não vais adormecer comigo. Fica ou vai.
Sei lá eu o que é a verdade!

Espelho Meu

Nunca gostei de generalizações, mas, tenho que concordar...isto (descoberto aqui) somos nós.

Grande Verdade

Retirado daqui.

Deitada és uma Ilha

(foto de A. Brito)

Deitada és uma ilha E raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente






promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugadas
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente






Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro






ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias

David Mourão-Ferreira

Está provado I





Bom, talvez um pouquito mais novos. :)

Está provado







Gosto de homens mais velhos.

Pretty Woman

Acho que já devo ter visto este filme umas 10 vezes. Ontem vi-o uma vez mais, no Hollywood. E sabem que mais? Já tem quase 20 anos e, ainda assim, continua a ser o meu filme preferido de todos os tempos! :)

Gostas mais disto...


...do que de rebuçados! ;p

Fica, meu amor

Esquece isso, meu amor. Fica. Fica só mais um pouco. Até que o dia se dissolva na noite e estas horas no tempo. Fica comigo. Vamos fazer de conta que isso tudo não é nada. Agarra-me. Prende-me a ti, aperta-me os pulsos com força. Nunca mais me deixes. Vamos fingir que só existimos nós aqui, hoje e sempre e nunca mais. Que não tens ninguém à tua espera, nem expectativas a superar, nem responsabilidades com que cumprir. Vá lá, faz esse esforço por mim e por nós e por este beijo que te dou. Vamos esquecer a moral e o que é certo ou errado. Isso não existe, porra! O que existe é só isto e somos só nós. Deita fora o relógio e o telemóvel. Apaga aquele rosto, toque, cheiro, sabor da tua memória. Esquece o tempo que já passou e tudo o que já construiste. Seria injusto? Sim, seria, ambos sabemos. Mas, não és tu e a tua felicidade mais importante? Eu não sei dançar, não sei cozinhar, não sei coser meias. Mas...e daí? Sei amar-te. Sei amar-te.

Hoje estou a delirar de saudades tuas. Só consigo sentir o teu cheiro, esse cheiro que me faz mal à cabeça. Só consigo recordar o teu toque e a precisão das tuas mãos. O teu corpo suado a pesar sobre o meu. Porque não estás aqui comigo, afinal?

Vá lá, amor. A vida é tão rara. Vem vivê-la comigo. Sem contas a apresentar, sem pessoas para nos julgar. Só tu e só eu e o tempo parado no encontro dos nossos corpos. Vem, amor, vem. Eu sei bem que tu queres. Quantas vezes pensaste já em deixar tudo? Em não voltar. Porque lutas contra ti mesmo? Tens tanto medo. Mas de quê?

Das Sanguessugas

"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. O onanista é abjecto, mas, em exacta verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana.
As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade. No próprio acto em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois "amo-te" ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia dieferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constitui a actividade da alma."

Bernardo Soares, Livro do Desassossego

A vida é tão rara

Queria mesmo postar era a versão lindíssima de João Pedro Pais e Mafalda Veiga, mas, como não encontrei, aí vos fica a música original pelo compositor brasileiro Lenine, "Paciência". Enjoy...

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa

Eu me recuso faço hora vou na valsa

A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal

E a loucura finge que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz

A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber

Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber

A vida é tão rara (Tão rara)

A ler

Sobre o dia de hoje:

E isto.E, sim, sei que parece obsessivo mas, o que posso fazer...eu sou assim! :)

Música do Dia

"I Want You to Want Me", Cheap Trick

I want you to want me.

I need you to need me.

I'd love you to love me.

I'm beggin' you to beg me.

E para a Marisa não vai nada, nada, nada?

Ontem foi a minha benção das pastas! :)
Não imaginam a sensação que é entrar numa praça de touros (sim, foi na praça de touros! lol) praticamente cheia a olhar para vocês...:) What a feeling!

Os 3 F's do Puro Lusitano

Fado, Futebol e Fátima. :)

Sinceramente, não sei o que pensar sobre o fenómeno de Fátima. Actualmente, não gosto de lá ir: lembro-me sempre daquela parte da biblía sobre os vendilhões do templo, que fazem da casa do Pai um covil de ladrões.
Quanto ao milagre em si, bom, é uma coisa que me transcende. Não acredito que tenhamos um Sol privado, mas...como é possível dizer que foi uma alucinação colectiva? 70 mil pessoas ainda é muita gente! Que alguém me explique, se for possível explicar algo assim...

A hipótese de Dawkins

"Constructing models is something the human brain is very good at. When we are asleep it is called dreaming; when we are awake we call it imagination or, when it is exceptionally vivid, hallucination. Children who have imaginary friends sometimes see them clearly, exactly as if they were real. If we are gullible, we don’t recognise hallucination or lucid dreaming for what it is and we claim to have seen or heard a ghost; or an angel; or God; or — especially if we happen to be young, female and Catholic — the Virgin Mary. Such visions and manifestations are certainly not good grounds for believing that ghosts or angels, gods or virgins, are actually there.


On the face of it mass visions, such as the report that 70,000 pilgrims at Fatima in Portugal in 1917 saw the sun “tear itself from the heavens and come crashing down upon the multitude”, are harder to write off.


It is not easy to explain how 70,000 people could share the same hallucination. But it is even harder to accept that it really happened without the rest of the world, outside Fatima, seeing it too — and not just seeing it, but feeling it as the catastrophic destruction of the solar system, including acceleration forces sufficient to hurl everybody into space. David Hume’s pithy test for a miracle comes irresistibly to mind: “No testimony is sufficient to establish a miracle, unless the testimony be of such a kind, that its falsehood would be more miraculous than the fact which it endeavours to establish.” It may seem improbable that 70,000 people could simultaneously be deluded, or could simultaneously collude in a mass lie. Or that history is mistaken in recording that 70,000 people claimed to see the sun dance. Or that they all simultaneously saw a mirage (they had been persuaded to stare at the sun, which can’t have done much for their eyesight). But any of those apparent improbabilities is far more probable than the alternative: that the Earth was suddenly yanked sideways in its orbit, and the solar system destroyed, with nobody outside Fatima noticing. I mean, Portugal is not that isolated (although admittedly my wife’s parents once stayed in a Paris hotel called the Hotel de l’Univers et du Portugal)."

in Richard Dawkins, "The God Delusion",

retirado daqui.

13 de Maio


"Devotos fervorosos, crentes moderados, críticos acérrimos ou meros curiosos, 90 anos depois das aparições, milhões de pessoas em Portugal e no estrangeiro continuam a ser atraídas por Fátima.

Os mistérios e segredos que deixaram o mundo católico em suspenso durante décadas já foram todos revelados, a Irmã Lúcia, memória viva dos acontecimentos de 1917, e o Papa João Paulo II, um dos principais dinamizadores do fenómeno a nível internacional, já morreram e, no entanto, o número de visitantes e peregrinos ao santuário da Nossa Senhora do Rosário de Fátima aumenta de ano para ano.

Uma sondagem do SOL conclui mesmo que 93,7% da população portuguesa já visitou o local e que 70% acredita nas aparições.
Em 2006, terão estado mais de cinco milhões de visitantes em Fátima, menos que os 6,2 milhões do santuário de Lourdes, em França, mas mais participativos nas missas e outras cerimónias religiosas."



in Sol de 5 de Maio de 2007

Aconteceu há 90 anos...

OUREM, 13 de Outubro

Ao saltar, após demorada viagem, pelas dezasseis horas de honrem, na estação de Chão de Maçãs, onde se apearam tambem pessoas religiosas vindas de longes terras para assistir ao "milagre", perguntei, de chofre, a um rapazote do "char-á-bancs" da carreira se já tinha visto a Senhora. Com seu sorriso sardoico e o olhar enviezado, não hesitou em responder-me:
- Eu cá só lá vi pedras, carros, automoveis, cavalgaduras e gente!

Por um facil equivoco, o trem que nos devia conduzir, a Judah Ruah e a mim, até à vila, não apareceu e decidimo-nos a calcoffiar corajosamente cêrca de duas leguas por não haver logar para nós na diligência e estarem, desde muito, afreguezadas as carriotas que aguardavam passageiros. Pelo caminho, topámos os primeiros ranchos que seguiam em direção ao local santo, distante mais de vinte kilometros bem medidos.

Homens e mulheres vão quasi todos descalços - elas com saquiteis à cabeça, sobrepujados pelas sapatorras; eles abordoando-se a grossos vara-paus e cautelosamente munidos tambem de guarda-chuva. Dir-se-hiam, em geral, alheados do que se passa à sua volta, n"um desinteresse grande da paizagem e dos outros viandantes, como que imersos em sonho, rezando n"uma triste melopeia o terço. Uma mulher rompe com a primeira parte da ave-maria, a saudação; os companheiros, em côro, continuam com a segunda parte, a suplica. N"um passo certo e cadenciado, pisam a estrada poeirenta, entre pinhaes e olivedos, para chegarem antes que se cerre a noite ao sitio da aparição, onde, sob o relento e a luz fria das estrelas, projetam dormir, guardando os primeiros Jogares junto da azinheira bemdita - para no dia de hoje verem melhor.

À entrada da vila, mulheres do povo a quem o meio já infêtou com o virus do céticismo, comentam, em tom de troça, o caso do dia:
- Então vaes vêr ámanhã a santa?
- Eu, não. Se ela ainda cá viesse!
E riem-se com gosto, emquanto os devotos proseguem indiferentes a tudo o que não seja o objetivo da sua romagem. Em hourem só por uma amabilidade extrema se encontra aposentadoria. Durante a noite, reunem-se na praça da vila os mais variados veículos conduzindo crentes e curiosos sem que faltem velhas damas vestidas de escuro, vergadas já ao peso dos anos, mas faiscando-lhes nos olhos o lume ardente da fé que as animou ao ato corajoso de abandonar por um dia o inseparavel cantinho da sua casa. Ao romper d"alva, novos ranchos surgem intrépidos e atravessam, sem pararem um instante, o povoado, cujo silencio quebram com a harmonia dos canticos que vozes femininas, muito armadas, entoam n"um violento contraste com a rudeza dos tipos...

O sol nasce, mas o cariz do céu ameaça tormenta. As nuvens negras acastelam-se precisamente sobre as bandas de Fátima. Nada, todavia, detem os que por todos os caminhos e servindo-se de todos os meios de locomoção para lá confluem. Os automoveis luxuosos deslisam vertiginosamente, tocando as buzinas; os carros de bois arrastam-se com vagar a um lado da estrada; as galeras, as vitorias, os caleches fechados, as carroças nas quaes se improvisaram assentos vão ajoujados a mais não poderem. Quasi todos levam com os farneis, mais ou menos modestos, para as bocas cristãs a ração de folhelho para os irracionaes que o "poverelo" de Assis chamava nossos irmãos e que cumprem valorosamente a sua tarefa... Tilinta uma ou outra guiseira, vê-se uma carrocinha adornada de buxo; no emtanto, o ar festivo é discreto, as maneiras são compostas e a ordem absoluta... Burrinhos choutam à margem da estrada e os ciclistas, numerosissimos, fazem prodígios para não esbarrar de encontro aos carros.

Pelas dez horas, o ceu tolda-se totalmente e não tardou que entrasse a chover a bom chover. As cordas de agua, batidas por um vento agreste, fustigam os rostos, encharcando o macadame e repassando até os ossos os caminhantes desprovidos de chapeus e de quaesquer outros resguardos. Mas ninguem se impaciente ou desiste de proseguir e, se alguns se abrigam sob a copa das arvores, junto dos muros das quintas ou nas distanciadas casas que se debruçam ao longo do caminho, outros continuam a marcha com uma impressionante resistencia, notando-se algumas senhoras cujos vestidos colados aos corpos, por efeito do impeto e da pertinácia da chuva, lhes desenham as fórmas como se tivessem saído do banho!

O ponto da charneca de Fátima, onde se disse que a Virgem aparecera aos pastorinhos do logarejo de Aljustrel, é dominado n"uma enorme extensão pela estrada que corre para Leiria, e ao longo da qual se postaram os veículos que lá conduziram os peregrinos e os mirones. Mais de cem automoveis alguem contou e mais de cem bicicletas, e seria impossível contar os diversos carros que atravancaram a estrada, um d"eles o auto-omnibus de Torres Novas, dentro do qual se irmanavam pessoas de todas as condições sociaes.

Mas o grosso dos romeiros, milhares de creaturas que foram de muitas leguas ao redor e a que se juntaram fieis idos de varias províncias, alemtejanos e algarvios, minhotos e beirões, congregam-se em tomo da pequenina azinheira que, no dizer dos pastorinhos, a visão escolhera para seu pedestal e que podia considerar-se como que o centro de um amplo circulo em cujo rebordo outros espectadores e outros devotos se acomodam. Visto da estrada, o conjunto é simplesmente fantástico. Os prudentes camponios, abarracados sob os chapeus enormes, acompanham, muitos d"eles, o desbaste dos parcos farneis com o conduto espiritual dos hinos sacros e das dezenas do rosario.
Não ha quem tema enterrar os pés na argila empapada, para ter a dita de ver de perto a azinheira sobre a qual ergueram um tosco portico em que bamboleiam duas lanternas... Altenam-se os grupos que cantam os louvores da Virgem, e uma lebre, espavorida, que galga matagal em fóra, apenas desvia as atenções de meia duzia de zagaletes que a alcançam e prostram à cacetada...

E os pastorinhos? Lucia, de 10 anos, a vidente, e os seus pequenos companheiros, Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, ainda não chegaram. A sua presença assinala-se talvez meia hora antes da indicada como sendo a da aparição. Conduzem as rapariguinhas, coroadas de capelas de flôres, ao sitio em que se levanta o portico. A chuva cae incessantemente mas ninguem desespera. Carros com retardatários chegam à estrada. Grupos de freis ajoelham na lama e a Lucia pede-lhes, ordena que fechem os chapeus. Transmite-se a ordem, que é obedecida de pronto, sem a minima relutância. Ha gente, muita gente, como que em extase; gente comovida, em cujos labios secos a prece paralisou; gente pasmada, com as mãos postas e os olhos borbulhantes; gente que parece sentir, tocar o sobrenatural...

A criança afirma que a Senhora lhe falou mais uma vez, e o céu, ainda caliginoso, começa, de subito, a clarear no alto; a chuva pára e presente-se que o sol vae inundar de luz a paizagem que a manhã invernosa tomou ainda mais triste...A hora antiga" é a que regula para esta multidão, que calculos desapaixonados de pessoas cultas e de todo o ponto alheias ás influencias misticas computam em trinta ou quarenta mil creaturas... A manifestação miraculosa, o sinal visivel anunciado está prestes a produzir-se - asseguram muitos romeiros... E assiste-se então a um espectáculo unico e inacreditavel para quem não foi testemunha d"ele. Do cimo da estrada, onde se aglomeram os carros e se conservam muitas centenas de pessoas, a quem escasseou valor para se meter à terra barrenta, vê-se toda a imensa multidão voltar-se para o sol, que se mostra liberto de nuvens, no zenit. O astro lembra uma placa de prata fosca e é possivel fitar-lhe o disco sem o minimo esforço. Não queima, não cega. Dir-se-hia estar-se realisando um eclipse. Mas eis que um alarido colossal se levanta, e aos espectadores que se encontram mais perto se ouve gritar:

- Milagre, milagre! Maravilha, maravilha!

Aos olhos deslumbrados d"aquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos biblicos e que, palido de assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o sol tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fóra de todas as leis cosmicas - o sol «bailou», segundo a tipica expressão dos camponeses.. Empoleirado no estribo do auto-omnibus de Torres Novas, um ancião cuja estatura e cuja fisionomia, ao mesmo tempo doce e energica, lembram as de Paul Déroulède, recita, voltado para o sol, em voz clamorosa, de principio a fim, o Credo. Pergunte quem é e dizem-me ser o sr. João Maria Amado de Melo Ramalho da Cunha Vasconcelos. Vejo-o depois dirigir-se aos que o rodeiam, e que se conservaram de chapeu na cabeça, suplicando-lhes, veementemente, que se descubram em face de tão extraordinária demonstração da existência de Deus. Cenas idênticas repetem-se n"outros pontos e uma senhora clama, banhada em aflitivo pranto e quasi n"uma sufocarão:- Que lastima! Ainda ha homens que se não descobrem deante de tão estupendo milagre!

E, a seguir, perguntam uns aos outros se viram e o que viram. O maior numero confessa que viu a tremura, o bailado do sol; outros, porém, declaram ter visto o rosto risonho da propria Virgem, juram que o sol girou sobre si mesmo como uma roda de fogo de artificio, que ele baixou quasi a ponto de queimar a terra com os seus raios... Ha quem diga que o viu mudar sucessivamente de côr...

São perto de quinze horas.O ceu está varrido de nuvens e o sol segue o seu curso com o esplendor habitual que ninguem se atreve a encarar de frente. E os pastorinhos? Lucia, a que fala com a Virgem, anuncia, com ademanes teatraes, ao colo de um homem, que a transporta de grupo em grupo, que a guerra terminára e que os nossos soldados iam regressar... Semelhante nova, todavia, não aumenta o jubilo de quem a escuta. O sinal celeste foi tudo. Ha uma intensa curiosidade em vêr as duas rapariguinhas com suas grinaldas de rosas, ha quem procure oscular as mãos das «santinhas», uma das quaes, a Jacinta, está mais para desmaiar do que para danças", mas aquilo por que todos anciavam - o sinal do ceu - bastou a satisfazel-os, a radical-os na sua fé de carvoeiro.

Vendedores ambulantes oferecem os retratos das crianças em bilhetes postaes e outros bilhetes que representam um soldado do Corpo Expedicionario Portuguez "pensando no auxilio da sua protetora para salvação da Patria" e até uma imagem da Virgem como sendo a figura da visão... Bom negocio foi esse e decerto mais centavos entraram na algibeira dos vendedores e no tronco das esmolas para os pastorinhos do que nas mãos estendidas e abertas dos leprosos e dos cegos que, acotevelando-se com os romeiros, atiravam aos ares seus gritos lancinantes...

O dispersar faz-se rapidamente, sem dificuldades, sem sombra de desordem, sem que fosse mister que o regulasse qualquer patrulha da guarda. Os peregrinos que mais depressa se retiram, correndo estrada fóra, são os que primeiro chegaram, a pé e descalços com os sapatos à cabeça ou dependurados nos varapaus. Vão, com a alma em lausperene, levar a boa nova aos logarejos que não se despovoaram de todo. E os padres? Alguns compareceram no local, sorridentes, enfileirando mais com os espectadores curiosos do que com os romeiros avidos de favores celestiaes. Talvez um ou outro não lograsse dissimular a satisfação que no semblante dos triunfadores tantas vezes se traduz...

Resta que os competentes digam de sua justiça sobre o macabro bailado do sol que hoje, em Fátima, fez explodir hossanas dos peitos dos fieis e deixou naturalmente impressionados - ao que me asseguraram sujeitos fidedignos os livres pensadores e outras pessoas sem preocupações de natureza religiosa que acorreram à já agora celebrada charneca.

Avelino de Almeida
Publ.: "O Século", Lisboa (edição da manhã) 37 (l2.876) 15 Out. 1917