Swinga: o teu desdém é só a manhã de alguém



Adoro quando te deixas levar assim
Fechas os olhos e danças só para mim
Uma dança tua
Mistura de não vem que não tem
Com um sorriso porém que me diz que o teu desdém
É só a manhã de alguém
Que diz que vai mas que vem
Me engana que eu gosto

I hear your name rhyming with everything

When did your name change from a proper noun to a charm? Its three vowels like jewels on the thread of my breath. Its consonants brushing my mouth like a kiss. I love your name. I say it again and again in this summer rain. I see it, discreet in the alphabet, like a wish. I pray it into the night till its letters are light. I hear your name rhyming, rhyming, rhyming with everything. 

Carol Ann Duffy, via I.
(bom ter-te de volta)

Qualquer dia, Cinderela, qualquer dia ou a frase Nicola

Qualquer dia deixo de dizer qualquer dia.

O skype salvar-nos-á

Disseste que tinhas a responsabilidade de me iludir para o resto da vida e eu sorrio nessa esperança.

My beautiful mess: it's times like these you learn to live again

Estás no banho e não notas que ando por aqui, até à primeira letra da primeira palavra da primeira frase do primeiro texto. Leio tudo com medo de ter perdido alguma entrelinha, não quero perder nada. Quedo-me com maior atenção e cuidado nas tuas memórias e nos teus medos, a aguentar os dois. Ainda não sabíamos dos planos que nos calhariam em sorte ou desta necessidade que só se acalma no teu abraço. A vida tem muito pouca lógica e é por isso que nos está sempre a surpreender, não cabe em contextos ou pretextos, engana-se e chama-lhe um propósito. Tu, apesar de tudo, nunca duvidaste da vida e talvez esteja aí a tua fortaleza. Ainda que tudo se corroa por dentro os minerais puros resistem. Tu és tão grande e talvez ainda hoje não saibas bem o significado das minhas palavras quando digo que és a maior, talvez ainda hoje aches que brinco. A água escorre-te pelo cabelo, sempre sem amaciador, e tu não poderias suspeitar desta ternura que chega agora e vai tomando tudo, que adquire o teu nome e alastra pela casa, e se mete na tua roupa, entre os teus livros, nas cores das fotografias, nas frinchas dos móveis, debaixo dos tapetes, nos cantos da sala. Quero muito cuidar de ti.

Ontem falávamos das tuas particularidades, singularidades de uma rapariga triste, e só o céu e aquele happy bird que o rasgou poderiam contar da beleza dos teus olhos a darem luz à noite. Tens olhos que iluminam. Enumerá-las é errar porque foi tudo, as de sempre e as que notei depois, as que ainda tenho a descobrir. Erro como quem ama. Amo como quem erra. A tua voz de criança, quando me contas que os dragões são dinossauros que cospem fogo ou quando respondes "tabem". A limpidez dos teus olhos como nunca vi igual e como entram por mim adentro quando me olhas profundamente. A forma como consegues determinar só olhando se uma pessoa é do Benfica ou do Sporting. O teu sorriso tão genuíno e o teu riso de cócegas que enche o mundo. Como tremes se te tentam agarrar o pescoço na frente, entre o indicador e o polegar. A curvatura do teu nariz, que é belo e simples como são todas as coisas belas e simples. A rapidez com que escreves mensagens no telemóvel ou as músicas que só tu ouves, bem como os vídeos idiotas do youtube que tens de ver quando estás mais triste e isso basta. O toque da tua pele, tão macia que nem ouso dizer. A descontracção com que encaras as pequenas contrariedades que te desafiam, brincas até, porque sabes por ti o tamanho dos terramotos que abalam a vida, um atrás do outro em réplicas que tens medo de contar. O teu amor pela Blimunda e as vontades que lês. Todas as variantes e definições de saudade que tens vindo a acumular no peito, marcadas a dor. Não gostares de café nem entenderes como é que as pessoas comem entradas antes da refeição principal. Aquilo que os outros nem notam e que para ti são essenciais, a disposição das costas e dos ombros e a importância disso. A tua dedicação e determinação, sem explicação mais necessária do que aquela de um dia teres acordado e decidido que ias ser isto e fazer aquilo e toda a estrada que fazes só para atingir esse fim, sem antecedentes, sem ligações nem contexto, só essa vontade que te nasceu no peito e a mesma determinação com que te recusas a chumbar no exame de anatomia. A tua liberdade, visível e embrenhada em cada gesto, és a pessoa mais livre que conheço, seja lá o que isso significa de facto. Cada palavra tua, palavras que dormem umas com as outras a sonharem um novo esperanto. A força que tens no corpo e o modo como me puxas para ti, um joguete nas tuas mãos, um coração nas tuas mãos. O facto de nunca olhares com atenção para as ementas mas acabares sempre a escolher o prato certo, sempre melhor do que meu. A tua voz doce, tão doce, quando cantas, nunca à minha frente porque ainda te envergonhas. O teu jeito que pode parecer meio bruto, demasiado insensível para o teatro, demasiado autista para o amor, e como tudo em ti é essa fragilidade que não expões, essa doçura que nem todos sabem, e eu sei, eu sei. O amor que tens aos teus amigos e à tua avó, as pessoas que não podes nunca perder. Quando temos de mudar para o lado contrário do corredor porque não gostas daquele lado. O modo como mexes no cabelo, que me seduz de todas as vezes como se fosse ainda a primeira. O beijo e o abraço, sempre com o artigo definido porque não há mais nenhum além deste que é nosso. O duvidares de tudo o que é tido como certo, mas nunca te permitires duvidar deste amor que nos enche.

Há mais e não sei se a razão está em alguma destas. O todo é sempre melhor do que as partes. Estás-me em tudo.

Além das estrelas ou dos aviões

Porque tu és a única pessoa capaz de ver happy birds.

(cada momento debaixo daquele céu.)

Rua de Entrecampos

A melhor surpresa é aquela que se planeia fazer.

Uma palavra pregada ao silêncio de dizer-se como nunca fora ouvida.



Não há nada como um problema maior a rebentar para nos recordar da mesquinhez dos nossos problemazinhos.

(não estás sozinha. nunca me vais perder.)

E o que cabe é pouco mas é tudo o que tens

Residencial Terrabela

Não penses que é por não pedires factura que o custo não te será cobrado. Mesmo que não suportes os números, mesmo que os queiras ignorar, o relógio tem-nos, a vida toda tem-nos e em euros. Que a vontade nunca tenha custo é uma ilusão mensurável como outra qualquer, um sacrifício a pedir um contexto ou um tempo. Nunca gostei de ver aquele bando de pessoas todas ajoelhadas, gatinhando em fila, em Fátima, porque sempre desprezei deve e haver, T's de Razão, tão embarrigados dela e tão desprovidos da pureza do dar. A pedra atirada parte telhados mas também os corações de vidro. Não devia, seguramente, ter tirado Gestão.

(a injustiça gera injustiça e a mágoa gera mágoa, que saibamos parar este ciclo. nunca te quis roubar.)

Risk-free

Não é novo, certamente já alguém o terá escrito: o amor é um investimento a fundo perdido. Não há nada na vida que seja livre de risco.

A kind of a geek thing to post

Ando a planear a minha vida em rolling wave.

Do crescimento

Sabemos que atingimos um novo patamar da relação quando passamos a ter conversas sobre como saber se um ovo está estragado ou como fazer um bom refogado.

Do fogo que arde

Tu é que estás nos incêndios e eu é que queimei o dedo. Só pode ser amor.

Do engenho aguçado

Passados 28 anos, acho que é chegada a altura de aprender a cozinhar a minha própria comida e de ir a pé para o trabalho (2,6 km por percurso, dizem). A isto eu chamo preocupação ambiental e de saúde, ou progresso, ambos nomes bem mais interessantes do que outros que por aí andam.

Across those darkest hours


Being as in love with you as I am.

Many the lives we lived in each day (but what do I know)

Vou-me enganando pensando que te distraio mas uma dor silenciosa é mais difícil de sarar, até de identificar, há sítios onde não chego. No escuro, só a tua voz me pode orientar até ti.

(sempre que te acredito um bocadinho feliz, partes. há dias em que só me resta esperar que voltes para mim. Espero-te, num só coração inteiro e cheio.)


Entre a ternura e o desejo I

Que o amor seja sempre este fogo incontrolável a arder no peito, um fogo que não se domina. Deixa arder.

Entre a ternura e o desejo

Ainda agora me dizes, numa voz que imagino embargada de alguma tristeza, que não sabes escrever sobre nós, tu que sabes tudo, tu que me apaixonaste na primeira sílaba e me ensinas que é "vires" e não "veres". Não digas isso, barbaridade. Porque me escreves no peito sempre que me beijas, porque não preciso das palavras mas de ti preciso sempre.

(um dia destes formo-me em pirocise com variante de piropos em português-russo.)

You can get addicted to a certain kind of sadness

A página 137

(És bem capaz de saber que viria para aqui contar deste episódio, mas é que acho que se fosse propositado não correria tão bem e, por isso, merece ser contado. Além do mais, já sabes que tenho este ridículo vício de vir para aqui contar quase tudo, fazer disto memória futura com medo que o tempo um dia venha.)

Estávamos deitadas na relva, de bikini a apanhar sol, eu lia "Abraço" e tu duvidavas da qualidade que eu lhe anuncio, e, para te mostrar, pedi que me dissesses uma página, de entre aquelas tantas páginas e citações que anoto numa folha pautada que sempre acompanha os meus livros, os dignos de se registarem. Havia a 13-16, a 17-19, a 43, a 91-93, a 107-109, a 111-113, a 123, a 125-127, a 129-131, a 137-138, a 139-140, a 149-151, a 159-161, a 167-169 e 5 frases soltas. Todas na mesma cor de azul, todas na mesma caligrafia pouco ponderada, sem nenhuma marca que a distinguisse das demais. E, sem hesitação, escolheste 137. E eu sorri muito enquanto lia alto para ti, surpreendida e maravilhada com a exactidão da tua escolha. No topo da página 137, letras maiores e negrito, estava escrita aquela verdade e só aquela verdade, a palavra maior de todas: "Amo-te", escreveu ele e dizia-te eu, via-te eu.



Kukuxumusu

A figura do dragão é um exemplo claro do que é capaz a imaginação colectiva. Há dias em que o céu também cospe fogo mas isso já tem outro nome.

Só tens duas coisas boas: o rosto e o resto

A pessoa (olá, pessoa) que me mostra Azevedo Silva e Hello Atlantic é a mesma que me mostra isto. O curioso é que gosto.



(toco em ti e chego lá.)

Das barbaridades

Porque não há verdades absolutas ou incontestáveis para ti, acreditá-lo é cegar ou ser ingénuo. Porque não há palavras indizíveis ou relações intocáveis, tudo existe no limite do possível, na relatividade da vida e entre os meandros da consciência. Porque não há bons e maus nem preto e branco. Não existem santos onde não exista céu. Talvez o amor. Há poucas coisas que tomas de raiz, poucas coisas que são sem construção ou motivo, dirias que todas as coisas que são têm um motivo para serem, tudo parte de uma tábua rasa e barro que se molda. 

São barbaridades, porque tuas.

(eu não poderia antes saber deste orgulho quase vaidade pela tua dedicação, mas é só agora neste teatro de operações. não te chamo heroína para que não me chames tótó em público.)

What we feel isn't important. It's utterly unimportant. The only question is what we do.

Os gestos são um prolongamento. O bilhete que me deixaste em surpresa conta do dia em que não mais me terei de despedir de ti. Sei de cor cada detalhe desse dia.

Tum tum tum

Go to the theatre if you want catharsis

People ask all the time what I learned in the camps. But the camps weren't therapy. What do you think these places were? Universities? We didn't go there to learn. One becomes very clear about these things. What are you asking for? Forgiveness for her? Or do you just want to feel better yourself? My advice, go to the theatre, if you want catharsis. Please. Go to literature. Don't go to the camps. Nothing comes out of the camps. Nothing. 

The Reader 

(haverá de ser este ano.)

As palavras sensíveis

Há palavras mais sensíveis que outras, definiram eles. Palavras que exigem cuidado redobrado, tento e mansidão para não se desmoronarem em choros e queixas, exaltações ou ódios, elevações do espírito quando já não se sustêm no corpo. São palavras tão sensíveis que se emocionariam à mínima expressão de beleza, tão sensíveis que mal se podem pronunciar. Definiram eles que "lésbica", "tripeiro", "gago", "aldrabão", "sida" ou "entornado" são dessas palavras sensíveis, e eu rio-me, insensível, ante a tamanha sensibilidade daquela gente.

You, you, you make me feel alright I

You, you, you make me feel alright

Ouvir "was it ever really love" entre o passado e o futuro, e a minha cabeça encostada ao presente, que me acaricia o cabelo com ternura, fazendo-se futuro.

M na palma da mão

Disseste que tinhas uma coisa para me mostrar, como quem descobriu um tesouro ou outra coisa secreta, proibida ou mágica. Fiquei ansiosa e expectante. E estava tudo na palma da tua mão, esse segredo de vida eterna ali tão perto e tão simples, como as coisas belas sempre são. A minha inicial desde sempre na palma da tua mão, a minha vida, tão tua, nas tuas mãos.

Os dois factores: da lealdade

A lealdade não tem preço mas tem valor. Um cargo oco é figura para os outros e uma acção sem consequências é um estado, logo, não tem movimento para lado algum. O ciclo de vida privilegia prioridades distintas, cada coisa no seu momento e, porém, no final, tudo é convertível para a mesma moeda, que não o esqueças. Que a lealdade não sirva para enganar os tolos.

We found love in a hopeless place



Porque te quero ver sempre mesmo bem disposta.

One step closer

Fui admitida no mestrado. Ando com pouco que fazer.

Os dois factores

Uma espontaneidade que exige validação e uma regra que só se aplica ao povo. Governance é uma palavra muito parecida com Governo.

Dos tordos

Depois da tempestade a bonança, não há mal que sempre dure, e mais um conjunto deles que ainda inventaram. Todos exibem uma mesma verdade, nota. E se queres factos, amor, que saibas que a relva fica mais verde quando chove.

(não procures um sentido onde ele não pode haver. não és tu.)

A flor não pergunta à abelha para que lhe rouba o pólen.

Não tenhas medo do que ainda pode ser. Sei que já te disse para confiares e houve a desgraça, mas é preciso que confies. Que sejas ainda e sempre essa fortaleza segura e que no teu abraço certo tudo se pacifique e redima. A noite, mesmo quando é longa e assustadora, sempre termina. Vai correr bem. Quando regressares puxo-te para mim, dormes no meu peito hoje, tens tanta vida a descansar, meu amor. Hei-de proteger-te do mundo, a minha mão na tua mão.

(a culpa não é tua. não deixes de acreditar.)

Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes.

Tenho pena, ah como eu tenho pena!... dos que precisam de inventar coragem para um novo dia, certezas certezinhas, obediência a religião ou partido ou rotinas, de inventar-se comodidades necessidades ou ilusórias vaidades de levar melhor vidinha (ceguetas todos eles aos limites da humana criatura que é para todos e de repente o coveiro), razões para estar a lutar além destas, tão simples afinal e misteriosas sempre, tão naturais e primitivas: uma rapariga nossa que amamenta o filho, duas crianças que pedem pão e olham para ti.

Não sei nada. Duvido de tudo. Desci ao fundo dos fundos, lá onde se confunde a lama com o sangue, as fezes, o pus, o vómito; fui até às entranhas da Besta e não me arrependo. Nada sei do futuro, e o passado quase esqueci. Li muito e foi pior. Conheci gente estranha nesta viagem. (...)

Somos puros. Sabemos e cumprimos. Bem-aventurados somos e vós, também,
Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes.

Luiz Pacheco, Comunidade

A rapariga que dormia com palavras

Era uma vez uma rapariga que dormia com as palavras. Naquela noite distraiu-se, não tomou precauções, e quando acordou era personagem de histórias de amor.

(by the way, it's you.)

And she never gives out and she never gives in, she just changes her mind.




She can kill with a smile
She can wound with her eyes
She can ruin your faith with her casual lies
And she only reveals what she wants you to see
She hides like a child
But she's always a woman to me

She can lead you to love
She can take you or leave you
She can ask for the truth
But she'll never believe you
She'll take what you give her as long as it's free
Yeah, she steals like a thief but she's always a woman to me

Oh, she takes care of herself
She can wait if she wants
She's ahead of her time
Oh, and she never gives out
And she never gives in
She just changes her mind

She will promise you more
Than the Garden of Eden
Then she'll carelessly cut you
And laugh while you're bleedin'
But she'll bring out the best
And the worst you can be
Blame it all on yourself
Cause she's always a woman to me

She is frequently kind
And she's suddenly cruel
She can do as she pleases
She's nobody's fool
But she can't be convicted
She's earned her degree
And the most she will do
Is throw shadows at you
But she's always a woman to me.

Parabéns, com aquele sorriso feliz












Não me importo de envelhecer à tua conta.

Foi assim que a comunicação começou

Já não deixo cair tantas bolas, recebo melhor, passo melhor, e por vezes consigo até fazer uma jogada completa em equipa. Até o andebol exige treino.

Não se conhece um homem pela canção que canta.

És a voz off de todos os meus sonhos.

(amote, sem hífen porque  não há espaços entre nós, como me ensinaste, meu amor.)

Show me how you do that trick (and I promise that I'll run away with you).

É um dos meus momentos de alma, quando nos beijamos e sei, pelos teus olhos, que estás a sorrir, olhos que sorriem.

(quando lhe contei dos olhos límpidos, riu e disse que isso eram coisas que só eu vejo porque estou apaixonada. não te olhou bem, seguramente.)

Straight face: the greatest



por recomendação da Luna

Dos sonhos pequenos

Seria bem mais fácil repensar o meu futuro profissional se o meu chefe não tivesse sido das primeiras pessoas a dar-me os parabéns ou se não tivesse usado a palavra "amiga". É certo que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas as coisas às vezes influenciam-se umas às outras. Com certeza haverá alguma teoria da motivação capaz de me esclarecer.

Friday I'm in love



Quase, meu amor. 

(vemo-nos no Alive e quem quiser até pode vir dar-me os parabéns.)

O abraço ou o voto

Prometo amar-te antes do amor e depois do amor. Deveria ser simples assim.

Quem não sabe nadar, mergulha

Que as nossas prioridades nunca sejam um mal-entendido.

How beautiful when sadness turns to songs


Que suerte tengo.

The favorite one

Comprei as minhas próprias velas de aniversário e ainda não entendi o significado desse gesto. Pode suceder que não queira dizer nada, é um facto.

Da fé que os meus amigos me têm

Ainda não tinha começado a explicar e tu já estavas a dizer que, com certeza, a culpa era minha.

(às vezes chega a irritar-me que me conheças tão bem. e podem passar meses e anos, quilómetros e países, nunca me esqueci de ti.)

O Teorema de Rumsfeld





















Rumsfeld, poderias assegurar-me, falava do amor. 

(a ingenuidade está em pensar que conheço tudo. o risco está no que não sei que não conheço. o amor é acreditar que conheço o que importa.)

Todos os caminhos

Podes testar-me agora, vá, eu sei, eu consigo: sei o caminho do centro de saúde, da prisão, da prisão-escola, do mcdonalds, do cinema e até já sei o da tua casa. E nenhum me é tão querido e tão perceptível como o caminho que vai do meu coração ao teu.

Como jantar salmão ou ouvir do busão

Mesmo quando é à conta de cócegas, o teu sorriso é a coisa mais bonita que levo no peito. Que, apesar da vida, nunca o percas, pois nesse dia perco-me com ele. 

(escrevo-o aqui também, porque é uma verdade universal.)

Matrioshka (baby)

Procurei o significado, como sugeriste, e não descobri. Para mim serás a peça mais pequena do conjunto, pequenina, aquela que torna o resto verdadeiro. Desconstroem-me, tiram uma de dentro da outra, uma série de camadas e de rostos infindáveis, e no final, protegida, nuclear, primeira e última, estás tu dentro de mim.

Não se pode chegar à alvorada a não ser pelo caminho da noite.

Todas as noites penso nas (tuas) noites onde não estou, a mão que não consegue chegar até ti e, em presunção de ser tudo, sufoca-me este peso do que é restante e além de mim.

O segundo que medeia entre o dia e a noite

Um medo danado de te perder e a minha lágrima que se disfarçou na tua. O tempo que for preciso, meu amor. Não te largo a mão.

O teu mundo está tão perto do meu e o que digo está tão longe.

Tristes aqueles que precisam dos gestos ou que, os tendo, não os reconhecem.

O teu monstro da noite

Agora penso sempre em ti quando oiço aquela música, tu a quereres revirar o tempo e o tempo a prosseguir sem piedade.

O tempo não é um universo, mas uma aldeia.

Desejaria ser um instante que tive e perdi e sê-lo para sempre, como um sinal, uma marca, um símbolo na pedra dizendo que a esculpi eu, sei lá, um código de barras, um bilhete teu
(...)
Gostaria de ser o chiar do baloiço e o riso daquela criança, gostaria de ser para sempre o riso daquela criança, o instante em que se ria e me chamava e tu disseste que gostarias que aquele instante parasse para sempre, ali parasse o tempo e nada mudasse, para sempre o riso da criança, o meu sorriso, as pombas que regressavam, a nuvem branca, o chiar do baloiço, o sol aquecendo lentamente as margens das sombras, e o teu sorriso feliz e triste ao mesmo tempo, gostaria de ser o teu sorriso feliz e triste ao mesmo tempo, gostaria de ser-te, para sempre

Paulo Bandeira Faria, A Despedida de José Alemparte

You got to hold on.

Prestável

Todos os teus actos têm a qualidade do que é prestável, seja com o País em geral ou com os bêbados e sozinhos em particular.

(também por isso.)

Que não tenhamos a certeza

Consigo encontrar, sem dificuldade, o preciso momento em que, a cada dia, me volto a apaixonar por ti.

(estavas num vestido de mar, a tocar viola, e eu quis que fosses minha.)

A limpidez dos teus olhos

Deviam avaliar a pureza das pedras preciosas comparando-as com a limpidez dos teus olhos, meu amor. Uns olhos tão diferentes dos demais, tão além de uma cor, um tamanho ou um brilho. Digo que são límpidos, de uma transparência de paraíso, que se podem atravessar sem hesitação ou medo de tropeçar mesmo que seja noite. Há algo que está depois dos teus olhos e que talvez só eu veja, meu amor. Se me perguntarem a cor dos teus olhos direi que são límpidos como o amor.

Não pronuncies nenhuma palavra que não seja melhor que o silêncio I

 

I will try to fix you.

Não pronuncies nenhuma palavra que não seja melhor que o silêncio.

Haverão os dias em que não vou perguntar porque saberei. Não é querer que ultrapasses, não é fazê-lo facto menor e possível, não é acreditar que foi uma interrupção a retomar dentro de instantes. Sei que foi o momento que mudou tudo e que essa lembrança te arderá sempre debaixo da pele, sarça ardente, ardendo. Não te peço que me expliques nem tanto que me digas a verdade. Mas que não se confunda com despreocupação, falta de atenção ou de interesse, não é nada disso. Há perguntas que não sei ou que prefiro não fazer porque a dor é mais forte quando se mexe e remexe no cravo ferrado. Posso não perguntar quando te vejo pensativa e triste, mas que saibas sempre ler a minha mão a apertar a tua, a agarrar um dedo ou a mão toda e que no silêncio nos reconheçamos e saibamos como nós plural.

(hoje, amanhã, durmo contigo.)

94.0

Quando me pediste para te abraçar bem, eu já te abraçava.

Passional

Se procurarem a prova, encontrarão a minha mão no teu pescoço.

Limpidez

Quando o dia escurece encontro sempre os teus olhos.

A pele que há em mim

Quando durmo contigo acordo, literalmente, com a pele que há em mim.

O rascunho a cumprir

Que sejamos aquele rascunho que ele deixou, meu amor.

As gavetas abertas

Em cada felicidade tentada talvez venha esse rasgo de tristeza. Eu aguentarei.

Que não desistas de acreditar que é ainda possível. Podem faltar-te, vai sempre faltar algo, mas nunca te faltará este meu amor.

O truque


Não digas alto aquela frase. Não oiças o que dizem. Somos nós quem decidimos da vida e da morte.

E que, não podendo fazer mais nada, lhe bebe as lágrimas I

Os cães rodearam-na, farejam os sacos, mas sem convicção, como se já lhes tivesse passado a hora de comer, um deles lambe-lhe a cara, talvez desde pequeno tenha sido habituado a enxugar prantos. A mulher toca-lhe na cabeça, passa-lhe a mão pelo lombo encharcado, e o resto das lágrimas chora-as abraçada a ele.

José Saramago,
Ensaio sobre a Cegueira

E que, não podendo fazer mais nada, lhe bebe as lágrimas.

Carregarei dentro de mim as tuas lágrimas, quero-te o sol e a chuva, ser vaso intocável dos teus sonhos e das tuas dores. Dá-mas a mim, deixa que se alivie esse peso, que se aplane esse abismo.

Haverei de receber-te as lágrimas que calas e as que não consegues calar, as copiosas, as latentes, as lentas, cansadas e vencidas, as desesperadas e gritantes que te esmagam o coração em soluços, as que me mentes, as que não me contas, as que eu sei. Como ontem, como hoje. Não agradeças, não peças desculpa, só dar e receber.

Não te disse a memória que me trouxeste, talvez até nisto seja parecida com o meu pai. Não te quero mais falar de coisas tristes. Mas lembrei-me da minha mãe, rebelada naquela amargura de morte no funeral do avô-que-deus-tem – é assim que agora lhe chamam -, agarrada em pranto ao pescoço do meu pai e ele só ali, muito direito, quase imóvel, a receber-lhe os golpes, os punhos e as lágrimas no peito e depois os braços ao pescoço, não poder fazer nada, não saber fazer nada, senão estar. É daquelas memórias que me acompanha e, ainda que a dor não seja a minha, houve aquela lágrima que se misturou com a tua.

Só abraçar-te com força no último pensamento do dia, enquanto ouves aquela faixa 5 que era vossa, segurar-te quando o susto te vem à noite, velar-te o sono e afastar fantasmas, passar a noite sem te largar a mão, adormecer contigo, quando adormeceres. Acima de tudo, beijar-te os olhos devagar até que se sequem todas as lágrimas, beber-te as lágrimas o tempo que for preciso até que consigas dormir sem medo do mundo. O tempo que for preciso. 

(durmo contigo aí hoje também)

Update Status

Fernandinho Nininho

Descobri que Fernando Pessoa chamava "Ofelinha" e "bebezinho" à sua eterna e única. O amor é o que somos, de facto.

Nem o amor

"A vida não foi feita para ser pouca e breve. E o mundo não foi feito para ter medida."

(Mia Couto, Jesusalém)

Hoje resgato-te, agarro-te à noite e afasto os pesadelos, mesmo que eu não saiba os dias, mesmo que demore. Hoje não te largo a mão. Sou ainda tua Tambor.

A fire out of control II

Pensei que hoje o céu iria chorar de tristeza, vi o mundo a acordar numa mágoa sentida. Afinal fez sol e custa-me entender porquê, não me digam que é verão.

Há dias que ditam o resto dos dias, dias que nunca começaram e que nunca acabarão, longos como a noite, profundos como a dor. Não podes fugir deste dia. Podes esconder-te mas não podes fugir. Os outros dias quererão medir-se por este, serem só a diferença entre uma data e outra, não os deixes, contraria-os.

Tudo ruiu, as casas, as pontes, os mares, as luzes. Terramotos, incêndios, tornados, desastres variados que não se podem comparar. Nasceu-te um abismo muito grande no peito, onde se protegem da claridade os medos, desgostos e pesadelos, onde os homens não ousarão ir com medo de não regressarem. Não posso falar do teu abismo. Isto são poesias a mais para uma dor que é real e dilacerante, que alastra e que não se contem em palavras medíocres assim, desculpa-me.

Eu nem devia ter escrito nada porque eu não to posso devolver, por muito que queira e que essa dor tua me consuma também a mim toda por dentro, osso por osso, mesmo que eu não tenha noção do que é, que eu não faça a pequena ideia do que é sentir-se isso que sentes agora. Mas é necessário que saibas que por te amar irei ao fim do fim para te trazer de volta. É importante que tenhas a certeza que, por te amar, quero fazer-te feliz, mesmo que isso seja uma missão para a vida, além de nós. Futuro, caminho, destino, alma toda minha, vida toda minha, pelos séculos dos séculos. Tu és (-me) tudo.

Que não duvides que podes ainda ser feliz, mesmo que tenhas de tentar muito, mesmo que cada dia seja uma luta. Que não renuncies ao tanto que ainda virá, eu sei. Que não deixes de acreditar. E que saibas que não te largo a mão.

Abraço-te num abraço nosso, o lugar preferido.

A fire out of control I

O céu está nublado e, apesar disso, é sem dificuldade que te encontro. Haverão ainda de se apaixonar por ti quando, sem querer, te encontrarem num ou noutro texto. Não deixaste palavras órfãs. E talvez só poucos saberão que em cada uma há o nome dela.

Haveríamos de nos ter conhecido, acredito, e eu, que nem sou de abraços, sei que um dia te haveria de abraçar. Respeito-te e agradeço-te, e não precisas de estar agora noutro sítio para que to diga em verdade e certeza. Não te chego aos pés.

Há dias disse-lhe que tinha medo de não a amar como tu a amas, não tenho vergonha de te contar, somos crescidos. Ela sorriu, descansou-me, beijou-me. O amor não se merece, só se dá e recebe. As pessoas viam-na assim feliz e pensaram que eras tu. Ela ralhou-me, não quer que eu diga estas coisas, diz-me que eu posso ter medo de a perder mas só se for só um bocadinho, só um medo de amor e não este medo de insegurança. Eu estou tão apaixonada por ela e disse-lhe que ia tudo correr bem. E agora falo daqui para esse sítio que não imagino.

Serás sempre o mar todo a rebentar dentro dela e o tesouro que ela leva no peito, e sempre que se falar de ti haverá de nascer-lhe um sorriso puro de cumplicidade e saudade, um sorriso triste mas sincero, não podia ser de outra maneira. Fizeste-a feliz.

(vou cuidar dela.)

Eu não deixo, meu amor.

Não sei se te lembras de termos o mar como horizonte, naquela noite de onde emergia o ribombar do mar contra as falésias. Na noite mergulhámos. Tu foste sereia e, ao ouvir-te, no teu canto me embalei.

Amor: Tu não sabes, mas à noite sou vigia. Navego o mar das ideias e dos sons. Sentinela alerta para o que te possa ofender.

Dormes quieta, deitada ao meu lado. Todos sabemos que à noite no jardim se soltam os duendes, e pela casa em silêncio fazem a sua ronda fantasmas que se anunciam com o dialeto do vento. Condes de dentes afiados procuram carne alva como a tua. Bruxas à volta da fogueira com os dedos esquálidos percorrem livros antigos em busca de venenos e maldições. Mas eu não deixo meu amor; eu não deixo.

Nuno Lobo Antunes, Impressões da Noite,
in Egoísta


(há dias em que tenho medo das gavetas abertas, de uma tristeza que venha e já não passe, que o teu coração não aguente mais dor. vai correr tudo bem, meu amor, confia. se o tentarem vir buscar, eu não deixo meu amor, eu não deixo.)

Da expressão

Por vezes as intenções não chegam, nem as palavras. Sabes cada vez melhor na pele, nos mal-entendidos, nas interpretações a que não chegas, na dor que te causam: as palavras são o pior meio de comunicação. Tu não queres ser boa nas palavras, que se fodam as palavras.

O mar todo a rebentar dentro de ti

Na rebentação do mar há tesouros que se descobrem, histórias a começar. Há coisas que ninguém quis e deitou fora, que alguém perdeu ou que, simplesmente, ninguém sabe como foram lá parar. É preciso que todas as condições se reúnam, tu sabes melhor do que eu. É nessa rebentação, o mar a rebentar todo dentro de ti, que te virão as palavras. Vamos caminhando ao longo da praia, a água a lamber-nos os pés, um rasto de futuro e as crianças riem felizes, só pela água e pela areia, a felicidade é esta coisa simples que elas contam. Chegamos quase ao fundo da praia, vou só ali tocar aquela rocha, tu beijas-me ainda como quem sabe tudo. E é nesse regresso, distraída, que reparo.

(o teu olhar guarda todas as palavras, deixa que te olhe.)

A fire out of control



(vai correr tudo bem, confia, porque eu sou amparo e convicção.)

Blimundazinha, diz ao teu pai que lhe mando um beijo.

Na escola haverão de gozar com ela, rimas maldosas com "imunda" e "corcunda", ela a esconder-se entre os livros, a querer voltar depressa para casa,  e durante muito tempo ela amaldiçoará quem lhe deu aquele nome. Talvez ela peça que lhe chamem "bli" ou só "b", talvez tenha vergonha quando tiver de repetir aquele nome tão estranho, fingirá que não é com ela quando a chamarem pelos corredores. Durante muito tempo ela vai insistir que um nome é só um nome e que um nome não diz nada.

E, sem esforço, chegará o dia em que ela verá tudo e aí entenderá.

(será Blimunda.)


A noite é uma forma de pensar I

É por ser excepção que a excepção é mais valiosa do que a regra.

(quero ser todas as tuas excepções, meu amor, até ao fim do fim.)

A noite é uma forma de pensar

A felicidade é essa coisa simples: dois corpos despidos, abraçados no nada, como ele canta, e o mar todo, imenso e iluminado, a encher-nos de sonhos, ao som de Iolanda.